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Doria: Bolsonaro é bem-vindo para benfeitorias, não para passeio de jet ski

Do UOL, em São Paulo*

31/07/2020 13h04Atualizada em 31/07/2020 17h09

Resumo da notícia

  • Na quinta, Bolsonaro disse que poderia adiar planos de ir ao Vale do Ribeira por conta de medidas restritivas de Doria
  • Ao anunciar recuo de 15 municípios da região para fase vermelha, governador cobrou investimentos em saúde e educação no estado
  • Doria ainda desejou melhoras à primeira-dama, contaminada pelo coronavírus, e criticou polarização política em torno da vacina

Ao anunciar o retorno de 15 municípios do Vale do Ribeira, no sul do estado, para a fase vermelha do Plano São Paulo, o governador João Doria (PSDB) voltou a disparar contra Jair Bolsonaro (sem partido). Ontem à noite, o presidente afirmou que poderia adiar os planos de visitar a região por conta das restrições.

"Soube que o presidente pretende visitar o Vale do Ribeira. Ele é sempre bem-vindo, mas visitar o Vale do Ribeira para andar de jet ski no rio Ribeira e passear de helicóptero talvez não seja o melhor momento", disse o governador paulista em entrevista coletiva hoje, no Palácio dos Bandeirantes. Doria fez referência à fala do presidente em suas redes sociais ontem, quando indicou ter intenções de convidá-lo para ir à região de helicóptero.

"O presidente será sempre bem-vindo em São Paulo. Pode vir aqui livremente. Mas será mais bem-vindo se trouxer benfeitorias — se trouxer saúde, educação, contribuição para o desenvolvimento do turismo, da economia, do empreendedorismo no Vale do Ribeira. Não para fazer passeio de helicóptero e jet ski. Neste momento, nossa prioridade é proteger vidas", completou o governador.

O Vale do Ribeira foi a única região do estado a retroceder de fase na atualização feita hoje no plano São Paulo. Conforme boletim do governo do estado, nos últimos sete dias, a região teve um aumento de 130,4% no número de casos confirmados da covid-19 e de 600% no número de óbitos em decorrência da infecção pelo novo coronavírus. Ao todo, concentra 3.323 diagnósticos e 70 mortes pela doença.

A região se tornou, assim, motivo para mais uma das recorrentes trocas de farpas entre Doria e Bolsonaro, que anunciou planos de visitar a região no começo de agosto. O presidente viveu a juventude em Eldorado, cidade da região.

"Pela segunda vez, o senhor governador de São Paulo, sua excelência, João Doria, nada a ver com a minha ida lá, mas iria baixar um decreto transformando por um tempo, não sei quanto, em área vermelha o Vale do Ribeira. Se isso acontecer, vou ser obrigado, mais uma vez, a adiar minha ida ao Vale do Ribeira", disse ontem o presidente, que também afirmou que convidaria o governador paulista para passear de helicóptero.

Apesar das críticas, o governador paulista desejou melhoras ao presidente e à primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

"Quero desejar melhoras ao presidente Jair Bolsonaro, que declarou ontem que esta com mofo no pulmão. E desejo também melhoras à primeira-dama Michelle Bolsonaro, que foi diagnosticada com covid-19. Desejo que ela se recupere plenamente", estimou o governador, que deixou claro que o presidente é "bem-vindo" para visitar o estado quando quiser.

'Politização' da vacina

O governador ainda respondeu às insinuações feitas por Bolsonaro ontem sobre a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. Durante transmissão ao vivo realizada em suas redes sociais ontem, o presidente prestou seu apoio à vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca, cujos testes no Brasil são coordenados pela Fiocruz.

"Nós entramos naquele consórcio de Oxford, e pelo que tudo indica [a vacina] vai dar certo e 100 milhões de unidades chegarão para nós. Não é daquele outro país, não", disse Bolsonaro, em referência à China.

"Nós estamos, como todos sabem na terceira e última fase da testagem da vacina, com 9 mil voluntários, médicos e paramédicos, em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Para salvar as pessoas, retomar a economia e voltarmos ao normal, o governo de São Paulo rejeita preconceitos ideológicos", respondeu Doria.

O governador voltou a dizer pautar-se "por aquilo que a ciência e a medicina determinam" e Doria criticou aquilo que considerou "politização" das vacinas em testes no Brasil.

"Pessoalmente, não politizei o vírus e não vou politizar a vacina. E mais uma vez, lamento profundamente ações de extremistas que, utilizando as redes sociais, difundem informações falsas, mentirosas, agressivas e temerosas à população do Brasil, dizendo que a vacina vai produzir efeitos colaterais, pode matar ou que não vai funcionar", afirmou Doria, que é potencial candidato a concorrer à Presidência em 2022 pelo PSDB.

"Em São Paulo, nós não temos nada contra a China, contra os chineses ou contra aquilo que produzem, principalmente se produzem para o bem, para a qualidade de vida, ou, neste caso, para salvar vidas", completou.

* Com informações da Agência Estado