Witzel afirma que eventual prisão seria 'inaceitável' e diz ser injustiçado
Governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) afirmou hoje que uma eventual prisão seria "inaceitável" e disse ser "injustiçado" em processo. Witzel é suspeito de receber propina de empresários da saúde com contratos com o governo fluminense e foi afastado em decisão monocrática na última sexta-feira.
"Eu tenho certeza de que isso [uma eventual prisão] seria inaceitável. Uma determinação de prisão diante de todas as decisões que eu tomei, afastando todos os servidores que estavam sendo indicados", disse ele, em entrevista à CNN Brasil.
Witzel reclamou ainda da velocidade do processo e a forma como foi afastado do cargo na semana passada. "A decisão do afastamento foi monocrática, sem que eu pudesse me manifestar, sem ter acesso aos autos. Isso é grave", protestou o governador afastado.
"Então, são constrangimentos que eu estou passando com a minha família. É preocupante. Um desgaste político. É muito duro ser injustiçado, ainda mais eu que sempre fui juiz, não tenho bens materiais, apenas a casa no Grajaú [bairro da zona norte do Rio]. Eu estou sendo vítima de processo de linchamento moral e não estou tendo a oportunidade de me defender", acrescentou, em seguida.
O ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afastou ontem Witzel do cargo por suspeita de receber R$ 554 mil em propina de empresários da saúde com contratos com o governo fluminense. Também na sexta (28), Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu retomar o andamento do processo de impeachment de Witzel.
O governador foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público, a propina foi paga pelos empresários Gothardo Lopes e Márcio Peixoto, empresários que mantinham negócios com o setor de saúde.
Afastamento "desrespeita a democracia", diz advogado
O UOL procurou o advogado de Witzel, Roberto Podval, no sábado (29), mas ele não retornou aos telefonemas e mensagens enviadas. No entanto, na sexta-feira (28), a defesa havia afirmado que a decisão de afastamento do governador "desrespeita a democracia".
"Ministro Benedito desrespeita a democracia, afasta governador sem sequer ouvi-lo e veda acesso aos autos para defesa", diz a nota. "Não se esperava tais atitudes de um ministro do STJ em plena democracia."
Ainda de acordo com a defesa, "a decisão de afastamento do cargo, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade" foi recebida com surpresa. "Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis."
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