Caso Guardiões de Crivella: as frentes de investigação contra o prefeito
Resumo da notícia
- Câmara de Vereadores irá votar pela abertura de processo de impeachment
- Polícia Civil e MP investigam se Crivella cometeu crimes
- PRE-RJ pediu para apurar se houve abuso de poder político
Às vésperas da campanha eleitoral, Marcelo Crivella (Republicanos), prefeito do Rio e pré-candidato à reeleição, é alvo de ao menos três diferentes frentes de investigação em decorrência de suposto envolvimento no grupo "Guardiões do Crivella". Segundo revelou a TV Globo, servidores públicos monitoravam e impediam reportagens sobre a crise da saúde pública em frente a hospitais municipais do Rio há ao menos oito meses.
Na quinta-feira (3), a Câmara Municipal votará a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito. Na esfera criminal, o MP-RJ (Ministério Público do Rio) e a Polícia Civil apuram se houve participação de Crivella em crimes como associação criminosa, constrangimento ilegal, atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública e advocacia administrativa, com penas que podem chegar a nove anos de prisão. E a PRE-RJ (Procuradoria Regional Eleitoral) pediu que a Promotoria apure se o prefeito cometeu crime eleitoral.
A ação dos servidores, coordenada por grupos no WhatsApp, tinha o objetivo de impedir reportagens em frente aos hospitais do Rio com gritos para intimidar repórteres e entrevistados.
Jorge Felippe (DEM-RJ), presidente da Câmara de Vereadores, decidiu levar o pedido de impeachment ao plenário após pareceres favoráveis da Procuradoria e da Secretaria Geral da Mesa Diretora.
O Legislativo carioca recebeu dois pedidos de cassação de Crivella por causa da prática, assinados pela deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ), pré-candidata à Prefeitura do Rio, e pelo vereador Átila A. Nunes (DEM-RJ).
Para que a denúncia vá adiante, é necessária a votação de maioria simples dos presentes —o quórum da sessão é de 26 parlamentares.
Polícia investiga se há ligação de Crivella no esquema
O MP-RJ confirmou que investigará Crivella por supostamente manter o serviço ilegal. A Polícia Civil também abriu inquérito para investigar o caso.
Em operação conduzida ontem (1º) pela Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), foram apreendidos celulares, documentos e anotações. Três assessores prestaram depoimento. Entre eles, Marcos Paulo de Oliveira Luciano, suspeito de chefiar as ações do grupo e assessor especial do gabinete do prefeito desde 2017.
A polícia já sabe o grupo Guardiões de Crivella tinha acesso ao gabinete do prefeito e agora investiga quem estariam acima do assessor Marcos Luciano.
ML, como era conhecido nos grupos que comandava, já atuou como missionário evangélico com Crivella em missões na África e no Nordeste do Brasil. Ele também participou da coordenação de campanhas do político para o Senado e para a prefeitura.
Se for comprovada a participação de Crivella no suposto esquema, parte da investigação será encaminhada para a Ciaf (Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro). A investigação deve ser concluída em um prazo de até 30 dias.
Isso só vai ocorrer se aparecer algum indício contra o prefeito. Por enquanto, sabemos apenas que foi montada uma estrutura muito bem organizada e com dinheiro público
William Pena Junior, delegado da Draco
Investigação de abuso de poder político
Na esfera eleitoral, um pedido assinado procuradora regional eleitoral Silvana Battini solicitou à Promotoria Eleitoral que apure se o prefeito cometeu algum ilícito eleitoral no uso de servidores comissionados da prefeitura para cercear a cobertura da imprensa em unidades de saúde.
Ela diz acreditar que o prefeito possa ter cometido abuso de poder político e conduta vedada.
O Ministério Público Estadual teve uma atuação rápida na área de combate ao crime, mas entendemos conveniente analisar a questão também sob a ótica eleitoral
Silvana Battini, procuradora regional eleitoral
O caso será distribuído para um promotor eleitoral do MP-RJ que avaliará se há elementos para abrir uma investigação.
Prefeitura fala em 'manipulação'
Em nota divulgada ontem, a Prefeitura do Rio afirmou que a notícia é uma "manipulação" e criticou a TV Globo. Na segunda-feira (31), no entanto, o governo municipal não negou a existência do grupo de WhatsApp.
"Essas mentiras colocaram a saúde das pessoas em risco, porque muitas poderiam deixar de procurar a unidade por acreditar nas notícias falsas", diz um trecho da nota.
O UOL não conseguiu localizar a defesa dos assessores que prestaram depoimento para que eles pudessem dar as suas versões do caso.
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