'Guardiões' também atuavam em outros eventos da agenda de Crivella, diz TV
O grupo "Guardiões de Crivella", no qual funcionários da Prefeitura do Rio de Janeiro eram orientados a impedir o trabalho da imprensa em frente a hospitais, também atuava além da área da saúde: a participação era voltada para cobrir a agenda pública do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), incluindo entregas de cestas básicas e participação em eventos.
De acordo com o Jornal Nacional, da TV Globo, integrantes do grupo — coordenado por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp — estiveram na entrega de cestas básicas a alunos da rede pública tentando convencer as pessoas a elogiarem a ação; a iniciativa visava auxiliar as famílias prejudicadas pela falta de merenda com a paralisação de aula na rede pública.
Um servidor, que preferiu não ser identificado, relatou ao jornal que o trabalho dos "guardiões" tinha início já na convocação de algumas mães para que fossem buscar as cestas. Ali, elas eram orientadas a gravar depoimentos favoráveis à Prefeitura do Rio.
"Certamente vão usar em campanhas eleitorais para dizer que isso ajudou", disse o funcionário em entrevista ao telejornal.
O grupo também era chamado a comparecer em manifestações convocadas pelo prefeito, entregas de obras e mesmo em cultos religiosos que tivessem a presença de Crivella.
"Se o prefeito vai na igreja, tem que ir... Mesmo sendo domingo, mesmo sem ter religião. É a escala, né?", acrescentou o servidor.
O suspeito de ser o articulador do grupo é Marcos Paulo de Oliveira Luciano, indicado por Crivella para auxiliar pastores evangélicos a furarem a fila de cirurgias da rede municipal em 2018.
Em resposta à reportagem da Globo, a Prefeitura do Rio disse que o grupo "não se presta a organizar servidores para coibir o trabalho da imprensa" e que está pronta a prestar esclarecimentos. A Administração também disse que a presença de funcionários na entrega de cestas básicas era apenas para ajudar a organizar as filas.
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