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Trevisan: "Guardiões de Crivella" é lógica do poder religioso na política

Do UOL, em São Paulo

03/09/2020 18h10

A acusação de que funcionários comissionados da Prefeitura do Rio de Janeiro faziam plantões na porta de unidades de saúde para impedir denúncias da população e barrar reportagens potencialmente negativas para o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), os chamados "Guardiões de Crivella", expõe a transposição, para o universo da política, de uma lógica comum no poder religioso.

O grupo, mantido no Whatsapp, foi um dos temas do podcast Baixo Clero #55, apresentado pelos jornalistas Carla Bigatto, Carolina Trevisan e Diogo Schelp.

"Tem uma prática dentro de algumas igrejas evangélicas — que é o modus-operandi dos 'Guardiões do Crivella' — que seriam os guardiões das igrejas. Dentre elas, a igreja do prefeito do Rio de Janeiro, em que ele seria um ungido de Deus que necessitaria da proteção desses guardiões", explicou Trevisan (ouça a partir do minuto 23:00).

A denúncia, feita pela TV Globo, motivou um dos pedidos de impeachment analisados nesta quinta (3) pela Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. A abertura do processo foi rejeitada por maioria simples, com 25 votos a 23.

Apesar da rejeição, Crivella ainda pode ser investigado por uma CPI na Câmara dos Vereadores por esse esquema. Em sua maioria, os vereadores da base do prefeito argumentaram que o mandato encontra-se em sua reta final e que admitir a abertura de um processo de impeachment poderia "tumultuar" a disputa à Prefeitura do Rio, no qual ele é candidato à reeleição.

Autora da denúncia, a deputada estadual Renata Souza (PSOL) foi atacada por ser então pré-candidata à Prefeitura do Rio. Alguns dos vereadores argumentaram que um votar favoravelmente seria como "dar palanque" a seu partido. A candidatura de Renata foi oficializada na noite de hoje, enquanto ocorria a votação.

Está em pauta no programa, também, a reforma administrativa apresentada pelo ministério da Economia, a crise política no estado do Rio de Janeiro e os questionamentos à vacinação contra covid-19 no Brasil.

Participa do episódio o colunista do UOL Chico Alves, baseado no Rio de Janeiro, para comentar os detalhes da denúncia que levou ao afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Alves também falou sobre a proximidade da família de Jair Bolsonaro do governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e os guardiões do prefeito do Rio, Marcelo Crivella.

Baixo Clero está disponível no Spotify, na Apple Podcasts, no Google Podcasts, no Castbox, no Deezer e em outros distribuidores. Você também pode ouvir o programa no YouTube. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.