Jornal: Operador de esquema na prefeitura atuou no Carnaval do Rio
Mensagens extraídas do celular do empresário Rafael Alves revelam sua influência no Carnaval, com cobrança de propina e atuação para evitar que escolas de samba fossem rebaixadas em 2018. O MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) aponta o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), e o empresário como protagonistas em um esquema de corrupção. As informações são do jornal O Globo.
De acordo com as investigações, Alves se aproximou de fornecedores do município em 2016, quando atuava na campanha de Crivella. No início do mandato, o irmão dele, Marcelo Alves, assumiu a presidência da Riotur — ele deixou o cargo após a primeira fase da operação sobre suposto QG da propina.
Segundo o jornal, a partir do órgão, Rafael estendeu a rede de atuação para o Carnaval — o MP-RJ descreveu nos autos de investigação três episódios que ocorreram em 2018.
Em delação premiada, o doleiro Sérgio Mizrahy afirmou que Alves pediu a ele a indicação de uma empresa sobre a qual tivesse "completo domínio" para atuar na montagem da estrutura do carnaval da avenida Intendente Magalhães.
A empresa escolhida subcontratou uma outra, por valores superfaturados, e os recursos desviados foram transformados em propina para Alves, segundo o Ministério Público.
Ainda segundo a reportagem, citando informações do MP, o empresário cobrava propina aos interessados em ocupar camarotes na Marquês de Sapucaí. Em troca, viabilizava a redução no aluguel cobrado pela administração municipal.
Para o MP-RJ, o fato de a Riotur ser ocupada pelo irmão do empresário na época dos fatos, dava a ele "grande liberdade para operar os mais variados esquemas criminosos" no órgão.
'Assustadora subserviência' de Crivella
Em despacho que autorizou operação de busca e apreensão a desembargadora Rosa Helena classificou em despacho como "assustadora" a subserviência de Crivella a Rafael Alves.
Segundo a reportagem, o empresário, que foi dirigente do Salgueiro da Viradouro, fez com que o prefeito se envolvesse — e interferisse diretamente — no Carnaval.
Mensagens mostram que Alves atuou para reverter o rebaixamento das escolas de samba Império Serrano e Grande Rio em 2018. Por serem as duas últimas colocadas no desfile, elas deixariam o Grupo Especial.
Do gabinete de Crivella, informou o jornal, ele mandou a Mizrahy uma foto do prefeito assinando uma carta defendendo que as escolas permanecessem na elite. O documento foi enviado à Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), que decidiu não rebaixá-las.
O empresário se vangloriou pelo fato em mensagem a Mizrahy: "Assim, todos viram que quem manda sou eu e ponto. A caneta é minha, não de A ou B, e sim só minha."
Outro lado
Em nota à Globonews, a defesa de Rafael Alves rebateu as acusações dizendo que são "precipitadas" e que tenta há mais de nove meses prestar esclarecimentos ao Ministério Público, mas que não teve essa oportunidade.
Em nota ao UOL, a prefeitura do Rio informou que de fato existiu uma carta em 2018, "inclusive amplamente divulgada pela imprensa, assinada pelo prefeito Marcelo Crivella e pelo, na época, presidente da Riotur Marcelo Alves".
"Segue um trecho presente na carta: 'Sendo certo que a LIESA é a única instância competente para a decisão, informamos o NADA A OPOR da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro quanto ao deferimento dos convites sobreditos", diz o comunicado.
"Isto significa dizer que a Prefeitura do Rio de Janeiro entende que compete apenas à Liga Independente das Escolas de Samba a decisão tomada em plenária. Vale lembrar que outros representantes do poder público, de outras esferas, inclusive, estadual e federal, também se manifestaram da mesma forma na ocasião", acrescentou a administração municipal.
A reportagem tenta localizar os demais citados.
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