Jornal: Celular escondido foi fundamental em suposto esquema com Crivella
Um celular apreendido durante a investigação do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) foi fundamental para sustentar as provas do suposto esquema de corrupção que envolve o prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos), revelado na semana passada. Segundo o jornal O Globo, o aparelho foi encontrado há cerca de seis meses na casa do empresário Rafael Alves, escondido sob uma pilha de roupas.
No celular estavam grande parte das 1.949 mensagens trocadas entre Alves e Crivella no período de maio de 2016 até março deste ano. De acordo com o MP-RJ, as conversas revelaram um "QG da Propina" instalado na Prefeitura do Rio, que cobrava valores para a liberação de pagamentos da gestão de Crivella.
No dia da apreensão, o celular tocou enquanto era cumprido o mandado de busca. O delegado responsável atendeu e do outro lado da linha estaria o prefeito, justamente buscando informações sobre a operação que acontecia naquele momento. De acordo com o MP-RJ, Crivella desligou quando notou que não falava com Alves.
O aparelho foi só um dos quatro apreendidos com Alves em sua residência na Barra da Tijuca. Apenas um dos celulares foi entregue espontaneamente pelo empresário, enquanto outros dois foram encontrados dentro de um carro próximo à sua casa.
Para o MP-RJ, este seria "uma espécie de veículo de fuga" de Alves, já que foram encontrados também no automóvel uma bolsa com R$ 50 mil, além de joias e relógios. Aos investigadores, Alves disse que os itens dentro do carro pertenciam à sua ex-mulher, Shanna Harrouche Garcia.
Nas mensagens trocadas entre Alves e Crivella, o conteúdo era muitas vezes cifrado, o que dificultou a apuração do MP-RJ. Além disso, grande parte do conteúdo dos celulares havia sido apagada, mas a investigação conseguiu recuperar os dados.
Influência sob Crivella
Os investigadores apontaram até agora que Alves tinha grande influência sob o prefeito, algo que foi conquistado desde a campanha, quando o empresário teria arrecadado altos valores prometendo benefícios a doadores e na esperança dele próprio ser beneficiado.
Durante a gestão de Crivella, Alves não tinha cargo de servidor, mas o MP-RJ diz que o empresário ganhou sua própria sala na sede da RioTur, empresa estatal que chegou a ser presidida por Marcelo Alves, irmão de Rafael.
Ontem, a TV Globo mostrou que o suposto "QG da Propina" recebia R$ 1,5 milhão por mês da empresa Assim Saúde para fazer uma intermediação entre planos de saúde e servidores municipais
Outro lado
Nos últimos dias, Crivella tem negado as acusações do MP-RJ e chegou a afirmar que não tinha relações pessoais com Rafael.
"Não tenho relações pessoais com Rafael, às vezes eu o vi na igreja onde eu prego, todo domingo estou na igreja na Barra. Não tenho negócios com ele, não sou sócio com ele, não nomeei, não facilitei nenhum pagamento, basta ver no (Portal da) Transparência da Prefeitura", disse Crivella em entrevista à CNN Brasil.
Já o advogado de Rafael, João Francisco Neto, disse em nota ao Globo que o MP interpreta as mensagens trocadas entre Alves e Crivella de "forma enviesada". A defesa do empresário também alega que ele não foi ouvido, apesar de manifestar intenção de dar depoimento.
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