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Trevisan: Rodrigo Maia tem sido o ministro da economia do governo Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

17/09/2020 20h17

Em um momento de esvaziamento da figura do ministro Paulo Guedes, boa parte da agenda econômica do governo Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido tocada, na prática, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, um dos principais articuladores do auxílio emergencial, avalia a colunista do UOL Carolina Trevisan.

"No fim das contas, quem atua como ministro da Economia nesse período é o Maia, é ele quem chancelou, validou e negociou propostas", afirmou no podcast Baixo Clero #57, apresentado ao lado de Carla Bigatto e Diogo Schelp. (ouça a partir do minuto 5:54)

O momento de desidratação do ministro se intensificou com a suspensão do Renda Brasil, banido do vocabulário de Jair Bolsonaro (sem partido). "Ele está sem nenhuma moral. Vem sendo fritado nas últimas semanas sem dó nem piedade", avalia Trevisan.

Sem orçamento para o programa, que havia sido escolhido como o substituto do Bolsa Família criado na gestão petista, chegou-se a cogitar a desvinculação dos benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, do salário mínimo. Na prática, isso congelaria o benefício, deixando-os sem reajuste. Bolsonaro reagiu dizendo que teria de dar "cartão vermelho" a quem propusesse tal medida.

"Do ponto de vista de mercado, que é o que importa nesse momento, o Paulo Guedes está sem nenhuma credibilidade. Sem nenhuma credibilidade não dá para você ser ministro da Economia"", avalia. "A gente segue com esse problema de tentar viabilizar um programa de transferência de renda como um Bolsa Família melhorado, porque o que o auxílio emergencial mostrou é que ele estava defasado. Por outro lado, o governo não tem de onde tirar dinheiro." (ouça a partir do minuto 6:58)

Em meio à polêmica, Guedes convocou ontem uma reunião de quatro horas com os secretários especiais da pasta. Diante de tantas provocações e embates, já está aberta a fase de apostas para um possível novo ministro. Carolina Trevisan explicou que, em conversas com interlocutores, tem ouvido que o mercado pode vir a exigir um candidato em quem confia.

O candidato do "coração de Bolsonaro" seria Pedro Guimarães, atual presidente da Caixa Econômica Federal. Porém, segundo Trevisan, "o mercado não o vê com bons olhos". Ela ainda citou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que possui um "perfil mais técnico". Outros nomes lembrados foram dos ex-ministros da Fazenda, Henrique Meirelles e Armínio Fraga.

"Uma pessoa me deu uma hipótese interessante, que seria a possibilidade de o Rodrigo Maia ocupar esse espaço, já que vai deixar a Presidência da Câmara agora", concluiu.

Na opinião de Diogo Schelp, também colunista do UOL, Bolsonaro pode ter usado a suspensão do programa como uma jogada para se blindar. O caso, segundo ele, demonstrou a importância do jornalismo. "Se não fosse pela imprensa, esses planos de congelar a aposentadoria não viriam a público e ele não seria obrigado a dar satisfações." (ouça a partir do minuto 5:15)

Baixo Clero está disponível no Spotify, na Apple Podcasts, no Google Podcasts, no Castbox, no Deezer e em outros distribuidores. Você também pode ouvir o programa no YouTube. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.