Bolsonaristas contrários ao isolamento culpam Witzel por mortes na pandemia
Deputados bolsonaristas que foram contrários às medidas de isolamento social para conter o novo coronavírus culparam na tarde de hoje o governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), pelas mortes na pandemia. Em discursos durante o julgamento do processo de impeachment de Witzel na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), eles afirmaram que o governador "tem as mãos sujas de sangue".
A primeira a usar as mortes na pandemia para justificar o impedimento de Witzel foi Alana Passos (PSL). Ela foi uma das líderes de carreatas contra o isolamento realizadas no Rio durante a pandemia. Os protestos —que estavam proibidos por decreto estadual— foram alvo de ações do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), que chegou a obter na Justiça decisões proibindo que Alana organizasse, junto com outros parlamentares e militantes bolsonaristas, novos atos públicos durante a pandemia.
Segundo ela, Witzel é um "governador fanfarrão", responsável por mortes causadas pela corrupção na saúde do estado. "A culpa de todas as vidas que foram perdidas, isso o senhor vai carregar por toda sua vida", afirmou.
Filippe Poubel (PSL-RJ) é outro parlamentar contrário às normas que determinaram o fechamento de escolas, estabelecimentos comerciais e outros locais públicos como forma de conter o avanço da doença. Em vídeo que circula nas redes sociais, ele chegou a bater boca com o prefeito de Macaé (RJ), no Norte Fluminense, por ter estabelecido restrições desse tipo.
Em seu discurso, Poubel atacou Witzel pela gestão da pandemia e as denúncias de corrupção — que levaram à prisão do ex-secretário de Saúde Edmar Santos e de diversos outros membros de alto escalão da administração estadual.
"O governador cerceou o direito da população de bem de lutar por seu bem mais precioso, que é a vida", bradou. "A mão do governador está suja de sangue das pessoas inocentes que não tiveram chance de lutar por suas vidas pela corrupção."
A sessão pode afastar Witzel do cargo por 180 dias. Até agora, todos os deputados que falaram ao plenário da Alerj se mostraram favoráveis à abertura do processo de impeachment contra o governador.
Witzel fez hoje novo pedido ao STF para que o processo seja suspenso alegando que a comissão não seguiu a regra da proporcionalidade partidária.
Em julho, decisão do então presidente do STF Dias Toffoli durante o recesso do Judiciário determinou a recomposição da comissão a pedido da defesa de Witzel. Com a retomada dos trabalhos pelo STF, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, revogou a decisão de Toffoli e declarou que era válida a comissão da Alerj, determinando o prosseguimento do processo.
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