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Bolsonaro defende atuação de Kassio Nunes no caso de Cesare Battisti

A indicação do desembargador a uma cadeira no STF tem sido questionada por alguns apoiadores do presidente - Carolina Antunes/PR
A indicação do desembargador a uma cadeira no STF tem sido questionada por alguns apoiadores do presidente Imagem: Carolina Antunes/PR

Do UOL, em São Paulo

04/10/2020 13h07

Depois de sofrer críticas de aliados pela indicação de Kassio Nunes Marques a uma vaga no STF, o presidente Jair Bolsonaro veio a público defender a atuação do desembargador em um dos processos sobre a extradição de Cesare Battisti —ex-terrorista italiano de esquerda que recebeu asilo político no Brasil durante os governo petistas.

"O desembargador Kassio participou de julgamento que tratou exclusivamente de matéria processual e não emitiu nenhuma opinião ou voto sobre a extradição", afirmou Bolsonaro (sem partido) em seu perfil particular em uma rede social. "Portanto é mentira que Kassio Nunes teria votado concordando que Battisti permanecesse no Brasil", complementou.

A indicação de Kassio Nunes tem sido questionada por alguns apoiadores de Bolsonaro (sem partido), que veem o desembargador distante do perfil conservador evangélico que o próprio presidente havia anunciado para a primeira vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).

Kassio Nunes é visto como um nome próximo do "centrão", grupo de partidos que se aproximou do presidente Bolsonaro nos últimos meses, com maior participação em cargos do governo federal e crescente apoio a pautas de interesse do Planalto.

Recado para Silas Malafia?

Embora não tenha citado diretamente o nome de Silas Malafia, Bolsonaro parece ter enviado um recado ao pastor líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

"Lamento as críticas infundadas que inundaram as mídias, em especial de uma autoridade do Rio, que queria, a qualquer custo, que eu indicasse um candidato seu para o Supremo", afirmou o Presidente na publicação.

Neste sábado (3), Malafia trouxe à tona a atuação de Kassio Nunes na extradição de Cesare Battisti, para criticar a indicação de Bolsonaro.

"Desde quando, no mundo, alguém terrivelmente da direita vota a favor de um terrorista, comunista e assassino? Em lugar nenhum! Aqui está o voto do indicado para o STF a favor do terrorista. O Presidente quer justificar o injustificável. Vergonha total!", escreveu Malafaia nas redes sociais.

O fato de Kassio Nunes ser católico também incomodou líderes evangélicos que formavam uma importante base de apoio do presidente. Eles esperavam que Bolsonaro cumprisse a promessa de que o próximo indicado a ocupar uma das 11 cadeiras no STF fosse "terrivelmente evangélico".

Extradição de Cesare Battisti

Battisti é um dos principais nomes de um grupo armado italiano de esquerda. Condenado pela Justiça italiana por quatro homicídios cometidos no final da década de 1970, ele fugiu do país natal em 1981 e veio para o Brasil em 2004.

Em 2009, o STF revogou o status de refugiado político de Battisti, mas decidiu que o ato de extradição à Itália caberia apenas ao presidente.

No último dia de mandato, em 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou a extradição, alegando que se tratava de um perseguido político. Em agosto deste ano, Lula disse ter arrependido da decisão.

A recusa em enviar o ex-terrorista condenado para cumprir pena na Itália levou a uma crise diplomática entre os países.

Battisti foi preso na Bolívia, em janeiro de 2019, e extraditado para a Itália no dia seguinte. Hoje, aos 65 anos, ele está isolado num presídio de segurança máxima na ilha da Sardenha.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.