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Witzel: 'O processo penal brasileiro está se tornando um circo'

Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel - PILAR OLIVARES
Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel Imagem: PILAR OLIVARES

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/10/2020 01h04

Em entrevista ao programa "Direto ao Ponto", da rádio Jovem Pan, o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), comentou sobre o processo de impeachment por acusações de improbidade administrativa e mau uso do dinheiro público durante a gestão da pandemia da covid-19.

"O que está acontecendo comigo hoje, até por ter sido um juiz federal, é de um rigor tão excessivo que, lá na frente, será um erro que não se consegue mais consertar. A procuradora da República disse que eu seria o chefe de uma organização criminosa e mostra para a imprensa uma situação gravíssima e o fato é levado para os ministros. Em uma segunda busca e apreensão, não acharam nada. Com o Edmar foram encontrados R$ 8,5 milhões em espécie, o que é muito triste. Comigo jamais encontrarão porque não existe. O processo penal brasileiro está se tornando um circo", pontuou.

O ex-juiz ressaltou que há um "rigor excessivo" no processo e que os deputados foram levados a votar pela decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que culminou em uma votação de 69 a 0 a favor do impeachment do governador, Witzel atribuiu a unanimidade na decisão dos deputados pela continuidade do processo de impeachment pela política ser fragmentada no país.

"Posso ter um espaço para falar em programas, mas o amplo direito de defesa tem que ser nos autos, perante aos ministros. É um processo técnico, onde terão condições de avaliar com documentos e provas periciais, todas as questões jurídicas para dizer se tenho que ser responsabilizado e, ao final, tenho certeza que vai se chegar à conclusão de que não tenho nenhuma responsabilidade sobre ilicitudes que foram praticadas pelo ex-secretário da Saúde Edmar Santos", disse. "No Brasil não existe nenhum governante que tenha um bloco parlamentar que tenha com ele uma identidade. Essa falta de identidade de propósitos entre Executivo e Legislativo é algo terrível. A política é feita de interesses individuais e muito fragmentada", ressaltou.

O governador afastado também disse que os parlamentares agiram com hipocrisia em decisão sobre o seu afastamento.

"Tudo tem limite, até a hipocrisia tem limite. Partidos que lutam por bandeiras tão diferentes se unem com o objetivo de derrubar o governador com um discurso que não é verdadeiro, porque a crise na Saúde do Rio de Janeiro antecede o meu governo", explicou.

E acrescentou: "No início do governo, determinei que uma auditoria fosse feita em todas as Organizações Sociais [...] Essa auditoria estava à disposição dos deputados. Eu disse que eles foram omissos porque na tribuna falaram de tudo, menos do processo. Questionaram a política de segurança do Estado, investimento na Cultura. No momento da pandemia, nenhum deputado apareceu antes para discutir hospital de campanha, embora eu tivesse convidado. Depois do leite derramado, encontram o culpado", disse.

Sobre Edmar Santos, Witzel afirmou que não errou na escolha do secretário da Saúde, já que foi uma escolha técnica, baseada em currículo.

"Humanamente como poderia imaginar que alguém como o ex-secretário Edmar Santos estava envolvido com corrupção? Somente através das investigações que se chegou à conclusão. A única saída do Edmar era entregar um troféu. Aquilo que ele fala nas delações não se materializa. Não se encontra dinheiro, não se encontra nenhuma ordem minha de contratar empresa A ou B, e quando ele diz que contratou alguma Organização Social ele diz que falei para ele verbalmente. Fui entregue como troféu", finalizou.