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Bolsonaro fala 'marica' como se fosse grande macho, diz Lula

Lula ainda disse ser "lamentável que um presidente nos envergonhe tanto" - Zanone Fraissat/Folhapress
Lula ainda disse ser "lamentável que um presidente nos envergonhe tanto" Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

11/11/2020 17h14

O ex-presidente Lula criticou hoje o atual governante Jair Bolsonaro (sem partido) após fala de que o Brasil seria um "país de maricas" e afirmações de que, quando acabasse a saliva, "tem que ter pólvora", ao se referir às possíveis conversas sobre a preservação da Amazônia com o presidente norte-americano eleito Joe Biden.

Nas redes sociais, Lula disse que "Bolsonaro chama a sociedade brasileira de 'marica' como se fosse o 'grande macho' do país". Ele acrescentou: "Não é possível que a gente subordine a ciência à ignorância desse presidente".

Ontem, Bolsonaro afirmou que o Brasil tem que deixar de ser um "país de maricas" e enfrentar a covid-19. "Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso", declarou.

No Brasil, 5,675 milhões de pessoas foram contaminadas pelo novo coronavírus, e 162,6 mil pessoas morreram em decorrência da doença.

Durante o discurso, Bolsonaro também se referiu ao presidente eleito Joe Biden como "candidato à chefia de estado" e rebateu posicionamento do democrata sobre a Amazônia.

"Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de estado dizer que se não apagar o fogo da Amazônia, vai levantar barreira comercial contra o Brasil", começou. "Apenas diplomacia não dá. Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona. Precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo."

Lula continuou a criticar Bolsonaro dizendo que o presidente está com vergonha de Joe Biden: "Ele puxou tanto o saco do Trump que agora não sabe o que fazer. É lamentável que um presidente da República nos envergonhe tanto perante o mundo".

'País de maricas' e 'Tem que ter pólvora'

A fala de Bolsonaro repercutiu negativamente. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi um dos primeiros a rebater o discurso de Bolsonaro dizendo que "entre pólvora, maricas e o risco à hiperinflação, temos mais de 160 mil mortos no país, uma economia frágil e um estado às escuras".

Ainda ontem, Fernando Haddad (PT), que disputou a corrida eleitoral contra Bolsonaro, também comentou o discurso do presidente: "Num único dia Bolsonaro celebra morte de voluntário, chama brasileiros de maricas e provoca poder bélico dos EUA. Sobre o que realmente importa nenhuma palavra".

Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) atenuou a repercussão das declarações de ontem do presidente. Segundo ele, o governante brasileiro utilizou um "aforismo antigo" ao falar na possibilidade de usar "pólvora" para proteger a Amazônia de um suposto interesse estrangeiro.

"Ele se referiu a um aforismo antigo que tem aí que, quando acaba a diplomacia, é com os canhões. É isso que ele se referiu."