O emocionante adeus do mundo do esporte a Diego Armando Maradona, que morreu ontem após uma parada cardíaca aos 60 anos, traz à memória o modo como "escancarava'' suas opiniões e evoca o papel do futebol para entender certas questões políticas.
"Eu prefiro essa paixão que o argentino demonstrou por um ídolo, que era o Maradona, do que uma passividade diante das injustiças do país. O futebol é muito revelador da sua sociedade, ao mesmo tempo que ele mostra essas desigualdades, mostra o machismo, mostra a homofobia em campo. Ele também aliena, e pode fazer com que as pessoas dialoguem pouco", disse Trevisan (Ouça a partir do minuto 5:36)
O velório de Diego Armando Maradona aconteceu na Casa Rosada, sede do governo argentino, e foi aberto ao público. Foi a primeira vez, em dez anos, que o local foi usado para velório.
"Gosto quando o futebol tem um pouco mais de política, porque ultimamente os jogadores e esses ídolos que nós temos atualmente não têm falado disso. A gente esqueceu Garrincha. A Democracia Corinthiana foi o último grande movimento que envolveu o futebol a favor da democracia, que era com Sócrates. E o Casagrande é um resistente, que continua falando sobre isso. Seria importante retomar essa dimensão política também com esses ídolos. Futebol seria uma ferramenta para falarmos de muitas coisas", disse Trevisan. (Ouça a partir do minuto 06:38)
Schelp, por sua vez, fez referência a uma expressão cunhada pelo escritor Tomás Eloy Martínez: a necrofilia política argentina. (Ouça a partir do minuto 1:49). Então, listou exemplos de figuras como Néstor Carlos Kirchner e Juan Domingo Perón, ex-presidentes argentinos.
"São apenas algumas histórias da necrofilia argentina, para mostrar que o Alberto Fernández e o uso político da morte de Maradona não é nada perto dessas outras histórias", disse Schelp. (Ouça a partir do minuto 04:08)
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