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Moro vê desvio de finalidade na ação da Abin em favor de Flávio Bolsonaro

Relatórios de agência do governo orientaram defesa de filho do presidente, revela revista - Reprodução/Instragram
Relatórios de agência do governo orientaram defesa de filho do presidente, revela revista Imagem: Reprodução/Instragram

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

11/12/2020 09h59

Em conversas reservadas com interlocutores, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro viu uma ação clara de desvio de finalidade na notícia de que funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziram documentos para subsidiar a defesa do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O ex-ministro da Justiça afirmou que acredita que a informação sobre a atuação da Abin em favor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) pode ser anexada ao inquérito do Supremo por serem temas semelhantes.

A revista "Época" revelou que a agência produziu pelo menos dois relatórios "de orientação" ao filho do presidente sobre o que deveria ser feito para tentar anular provas no processo em que ele foi denunciado junto com o ex-assessor Fabrício Queiroz por desvio e lavagem de dinheiro, as chamadas "rachadinhas".

A ideia era mostrar que havia um grupo na Receita Federal que teria obtido dados do senador de forma irregular e produziu relatório que embasou o inquérito das "rachadinhas". Auditores ouvidos pelo UOL nesta sexta-feira consideraram "gravíssima" a tentativa de vincular o Fisco a uma defesa do filho do presidente.

Eles têm dito que os servidores da Receita que municiaram Flávio Bolsonaro com o suposto complô tentam apenas salvar a própria pele de processos na Corregedoria, nos quais ao menos um já foi demitido.

Moro e Bolsonaro são investigados num inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) em que se apura se o presidente tentou interferir na Polícia Federal para beneficiar amigos e familiares.