Vamos atravessar 2021 sem vacina contra covid-19 para todos, diz Mandetta
"Infelizmente, o presidente [Jair Bolsonaro (sem partido)] que optou e é o responsável por esse caminho que chegou nesse número de mortos de covid-19", disse hoje ao UOL o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, convidado especial do podcast Baixo Clero #70 (confira no episódio acima ou clique aqui para ir direto ao programa).
"A gente só vai ter massa de população imunizada a partir de junho, agora, dá pra fazer alguma coisa? Dá. Vacine, urgentemente, os profissionais de saúde. E vacinemos o maior número possível de pessoas idosas, que são as que estão lotando os hospitais", afirmou durante o episódio especial, com apresentação de Carla Bigatto, Maria Carolina Trevisan e Kennedy Alencar.
Segundo ele, o país passa hoje por uma tripla crise: "uma na prevenção, que foi sabotada pelo presidente, sabotada com 'não use máscara, aglmoere'; e estamos com uma crise de atendimento, porque eles fecharam os leitos que foram abertos. O Rio de Janeiro tem mais pessoas aguardando leitos, na fila de espera, fila de espera de insuficiência respiratória é desassistência. Há ainda uma crise de vacina na frente. Conseguiram uma tripla crise", disse Mandetta.
Vamos passar 2021 com vacinas a conta gotas."
Luiz Henrique Mandetta
Nesse cenário, o ex-ministro voltou a fazer críticas contra o presidente, o desmonte da pasta e a perda de espaço que a ciência teve em sua atuação a partir de então.
"Ele liderou, retirando os ministros técnicos, desmanchando a equipe técnica, militarizando e fazendo uma intervenção militar no Ministério da Saúde. [Militares] não sabem liderar o sistema de Saúde, não têm preparo para isso", afirmou.
Infelizmente ele que optou e escolheu para que chegássemos nesse número, porque foi ele que liderou desmanchando a equipe técnica, e fazendo uma intervenção militar na saúde."
Luiz Henrique Mandetta
"Eu pedi uma reunião com o presidente e coloquei por escrito para todos esses cenários e o cenário que a gente mais temia era o cenário que de não ter liderança e unidade. A gente sabia que os prefeitos passariam por eleições municipais e teriam mais dificuldade. Os governadores estavam numa situação intermediária. Mas o presidente decidiu escutar algumas pessoas que falavam para ele que a cloroquina funcionava, que eram 3 mil mortos, que ia durar três semanas, e não era isso. ", explicou.
"Tratando sistematicamente a pandemia dizendo que ia privilegiar a economia, nós chegamos no final do ano em situação desastrosa, a Saúde num cenário que trouxe muita tristeza para muita gente no Brasil. E a perspectiva de 2021 é muito dura também", completou.
Nós desenhamos três cenários: um superotimista, que dava 30 mil óbitos; um outro que era realista que era o que a gente achava que o Brasil tinha condições de lutar, que era de 80 mil mortos; e um que era, se deixasse as coisas acontecerem sem uma unidade do SUS e sem coordenação, dava 180 mil mortes até dezembro."
Luiz Henrique Mandetta
Impeachment e eleições na Câmara
Segundo Mandetta, o presidente "não gostava muito de se reunir". "Bolsonaro não é invenção dos partidos, é uma resposta, uma ruptura da sociedade", afirmou o ex-ministro, que declarou ter votado no presidente em 2018.
"[Bolsonaro] teve a chance dele de fazer certo. Ele começou o governo dele, a proposta achei interessante. Mas, quando problemas foram acontecendo, ele demonstrou que não está à altura do cargo. Não preciso fazer mea culpa por isso [o voto]. Já vi Dilma [Rousseff] e [Fernando] Collor não terem altura para o cargo. Os três com esse discurso de 'vote em mim porque eu nunca fui da política', embora sejam todos da politica", afirmou.
Após fazer referência a dois ex-presidentes que foram alvo de impeachment, disse que acha pouco provável que o mesmo aconteça com Bolsonaro. "Lembre-se que Bolsonaro estava no impeachment de Collor, apoiou Lula e passou anos na Câmara. Quando viu a hipótese de impeachment por suas condutas poderia andar, ele acenou e está fazendo uma força enorme para eleger o presidente da Câmara. Ele tem candidato lá e já começou a entregar os cargos que essa pessoa pedia", acusou.
A não ser que haja algo mais dramático, não acredito em impeachment [de Bolsonaro], mas que ele vai chegar ao fim do mandato com um governo muito diferente daquilo que prometeu aos eleitores."
Luiz Henrique Mandetta
Podcasts especiais
O UOL promovei hoje uma transmissão ao vivo com sete episódios extras de seus podcasts. Além de Mandetta, a apresentadora Astrid Fontenelle (no podcast UOL Vê TV), o músico Rincon Sapiência (no podcasts Conversa de Portão e Papo Preto), o publicitário Eco Moliterno (no podcast Mídia e Marketing), a psicanalista Vera Iaconelli (no podcast Sexoterapia), o jornalista e escritor José Trajano (no podcast Posse de Bola) e o jornalista e escritor Chico Felitti (no podcast Caoscast) foram convidados.
Baixo Clero está disponível no Spotify, na Apple Podcasts, no Google Podcasts, no Orelo, no Castbox, no Deezer e em outros distribuidores. Você também pode ouvir o programa no YouTube. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.
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