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Orientada por advogadas, Isa Penna não fará B.O. presencial na Alesp hoje

Ana Carla Bermúdez e Douglas Porto

Do UOL, em São Paulo

18/12/2020 17h03Atualizada em 18/12/2020 21h05

A deputada estadual Isa Penna (PSOL) informou que, após ser orientada por advogadas, não registrará hoje um Boletim de Ocorrência presencialmente na Polícia Civil contra o deputado estadual Fernando Cury (Cidadania). Na quarta-feira (16), Cury se aproximou por trás da deputada e a apalpou, na altura dos seios, durante sessão na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).

A parlamentar, no entanto, já registrou um Boletim de Ocorrência eletrônico e também uma representação no conselho de ética da Alesp contra Cury.

"Sobre os fatos ocorridos na Assembleia Legislativa esta semana, esclarecemos que foi feito um boletim de ocorrência eletrônico na Polícia Civil. Na data de hoje, em razão do cargo do Deputado Fernando Cury e
consequente prerrogativa de foro, a Deputada procurou a Procuradoria Geral de Justiça para ratificar o pedido de instauração de investigação e prestar depoimento", diz a nota.

A deputada também apresentou pedido perante a Presidência da Alesp e Comissão de Ética para a apuração dos fatos na casa legislativa.

Um vídeo público da sessão mostra o momento do assédio. As imagens mostram que a deputada conversava com o presidente Cauê Macris (PSDB), apoiada no balcão do plenário, quando Cury se aproximou por trás dela. Em seguida, ele colocou e manteve as mãos na lateral da deputada, na altura dos seios.

"Eu estava de costas, só senti a mão dele escorregar na minha lateral. No momento em que eu senti, virei e falei para ele: 'Quem você acha que você é? Você está louco? Passar a mão em mim assim?' E empurrei, tirei a mão dele", relatou Penna ontem ao UOL.

A deputada disse ainda que um grupo de deputados estava bebendo antes do início da sessão e que Cury "estava com muito bafo de uísque".

Cidadania afasta Cury; expulsão é avaliada

O Cidadania informou na tarde de hoje que afastou o deputado estadual Fernando Cury de todas as funções do partido, "bem como de todas as funções exercidas em nome do Cidadania, inclusive junto à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo".

Mais cedo, o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, e o presidente estadual do partido em São Paulo, deputado Arnaldo Jardim, apresentaram uma representação contra Cury ao conselho de ética da sigla. A primeira reunião da comissão deve acontecer já na noite de hoje.

Entre as medidas que podem ser definidas pelo conselho de ética, está uma possível expulsão do deputado da sigla, confirmou Freire ao UOL. "Pela gravidade do caso, talvez a expulsão seja o que possa vir a ser definido", disse o presidente do partido.

Procurada pela reportagem, a assessoria de Cury afirmou que os esclarecimentos necessários poderiam ser encontrados em uma nota e no pronunciamento dele na Alesp.

Em nova nota, divulgada no fim da tarde, Cury disse não ter sido informado oficialmente pelo partido da decisão de afastamento de suas funções diretivas no Cidadania.

"Também ressalto que não houve qualquer notificação de procedimento interno do Conselho de Ética, e por isso, tão logo seja formalmente comunicado, irei apresentar a versão dos fatos, exercendo assim meu direito de defesa", concluiu.

Após a divulgação das imagens, o deputado estadual Fernando Cury subiu à tribuna da Alesp e se disse "triste e constrangido" com a repercussão do episódio, apesar de negar que tenha cometido qualquer tentativa de assédio.

"Quero dizer, de forma veemente, inclusive para todas as mulheres que estão aqui, eu nunca fiz isso. Mas se a deputada Isa Penna se sentiu ofendida com o abraço que eu lhe dei, eu peço, de início, desculpa por isso. Desculpa se eu a constrangi. Desculpa se eu tentei, como faço com diversas colegas aqui, de abraçar e estar próximo. Se com esse gesto eu a constrangi e ela se sentiu ofendida, peço desculpas", afirmou.