Principais cotados a liderar Câmara têm histórico parecido e perfis opostos
Principais candidatos à presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) se colocam como opostos, mas, na verdade, têm trajetórias parecidas na Casa. A diferença está principalmente na maneira de trabalhar. A escolha para o novo comando na Câmara será feita na primeira semana de fevereiro.
Ambos têm bom trânsito pelo Centrão —grupo informal de parlamentares sem ideologia clara e disposto a negociar apoio ao mandatário no Palácio do Planalto em troca de poder na administração pública.
Também foram próximos de Eduardo Cunha (MDB), quando ele era presidente da Casa e aceitou abrir o processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff (PT). Ambos votaram a favor da cassação dela.
Líder do Centrão bolsonarista
Lira, 51, é o líder do Progressistas e do Centrão bolsonarista na Câmara. É considerado um negociador habilidoso, com fama de cumprir as promessas que faz.
Seu estilo é comparado ao de Eduardo Cunha, por defender firmemente seus interesses e se utilizar do regimento interno para tentar realizar suas vontades, dizem deputados ouvidos sob anonimato. Ao mesmo tempo, é conhecido por escantear quem o trai nas votações.
O alagoano foi a favor do impeachment de Dilma e um dos dez deputados que se opuseram à cassação do mandato de Cunha em plenário, em 2016. Isso porque Lira passou a ganhar funções mais relevantes em 2015, com o apoio de Cunha. Nesse ano, foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Em 2016, foi presidente da Comissão Mista de Orçamento.
Em 2020, Lira se aproximou do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em busca de mais poder para seu grupo, em um momento em que o governo queria fazer passar algumas reformas e propostas próprias na Câmara e barrar o andamento de qualquer eventual processo de impeachment contra Bolsonaro. É o candidato apoiado pelo Planalto na disputa pelo comando da Casa.
Apoiado pela esquerda e discreto
Baleia Rossi, 48, se coloca como um candidato independente do Planalto e conta com o apoio da esquerda para tentar derrotar Lira.
Além de líder do MDB na Câmara, ele conseguiu se eleger presidente nacional do partido no final de 2019 em busca de um ar de renovação à sigla. Tem ainda ótimo trânsito com os políticos do Centrão.
O MDB inclusive é tido por parte dos parlamentares como sendo do Centrão na prática, apesar de o partido ter desembarcado do grupo. Além de concordarem em diversas pautas com o bloco, o MDB conta com membros da legenda como líderes do governo: no Senado, Bezerra Coelho (PE), e no Congresso, Eduardo Gomes (TO).
Lira até já ironizou o discurso de independência de Baleia dizendo que o MDB será "da base" até que o partido resolva entregar os cargos que possui no governo Bolsonaro.
Baleia tem perfil mais discreto e conciliador no dia a dia da Câmara. Um pouco mais jovem, busca se mostrar como um candidato pró-reformas e com mais chances de unificar diferentes alas da Casa.
Ele é autor de uma das propostas de reforma tributária em tramitação. Seu apoio a mudanças estruturais mais drásticas, porém, pode ficar comprometido por causa da aliança com a oposição, segundo apontam membros do grupo de Lira e parte da própria esquerda.
Baleia construiu sua carreira política com o suporte de caciques do MDB e, ao longo dos anos, manteve forte relação com o ex-presidente Michel Temer (MDB), amigo de seu pai, Wagner Rossi, por exemplo.
Baleia também articulou para que Cunha se elegesse presidente da Câmara, em 2015, e votou a favor do impeachment de Dilma. Hoje, busca minimizar a atitude, lembrando que o pai foi ministro em governos petistas e alegando que não tinha tanta influência dentro do Parlamento na época da cassação da petista.
Herdeiros políticos dos pais
Outro ponto em comum é que ambos decidiram seguir os passos dos pais na carreira política. O pai de Arthur é Benedito de Lira, atualmente prefeito de Barra de São Miguel, em Alagoas. Ele tem currículo extenso como senador, deputado federal, deputado estadual e vereador.
O pai de Baleia é Wagner Rossi, ex-deputado estadual e federal, com passagens por secretarias estaduais de São Paulo, entre outros cargos. Wagner foi ministro da Agricultura nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma, ambos do PT, e pediu demissão em 2011 em meio a investigações de supostas irregularidades na pasta.
Assim como seus pais, Arthur Lira e Baleia Rossi já tiveram os nomes citados em supostos esquemas de corrupção. Em 2018, o pai de Baleia chegou a ser preso pela Polícia Federal em operação sobre o setor portuário. Eles negam quaisquer irregularidades.
Os outros dois candidatos à presidência da Câmara são os deputados Capitão Augusto (PL-SP) e Fábio Ramalho (MDB-MG). No entanto, não são considerados pelos colegas como nomes com chances de vencer a disputa.
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