Coadjuvante na eleição, vice que assume em Goiânia é pastor da Universal
Carioca, radialista, ex-vereador e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, Rogério Cruz (Republicanos) assume definitivamente a cadeira de prefeito em Goiânia após a morte do candidato eleito, Maguito Vilela (MDB), que estava internado em São Paulo desde outubro para tratar da covid-19.
Discreto, Cruz foi coadjuvante durante toda a eleição. Quem assumiu o protagonismo após a internação de Maguito foi o filho do cabeça de chapa, Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, que lamentou a morte do pai. "Perdi meu melhor amigo", disse.
Maguito cumpriu sua agenda de campanha por 21 dias até que, em 19 de setembro, foi diagnosticado com covid-19. Depois de internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital da cidade, precisou ser transferido às pressas para o hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde acabou intubado.
Enquanto sua saúde deteriorava, Maguito desbancava o principal adversário, Vanderlan Cardoso (PSD), nas pesquisas de intenção de voto e chegava ao segundo turno mesmo internado. Terminou eleito com 52,6% dos votos. Ele estava licenciado desde 1º de janeiro, e Cruz já ocupava interinamente o posto.
Pastor, Cruz fez carreira na Record
Cruz quase ficou de fora da eleição depois de ter sido preterido pela chapa de Wilder Morais (PSC). O Republicanos, então, conseguiu emplacar seu nome como vice de Maguito graças à intervenção de Daniel Vilela, de olho no voto evangélico.
Pouco conhecido do mundo político, o novo prefeito tem uma longa história ligada à Igreja Universal, onde é pastor, e ao Grupo Record.
Formado em gestão pública, o também radialista chegou a dirigir rádios da emissora em alguns estados brasileiros e até no exterior. Em Moçambique e Angola, foi diretor executivo do grupo.
Cruz é casado e tem dois filhos. Ele morou na África por 16 anos, até que voltou ao Brasil no final de 2009. No ano seguinte, foi trabalhar na capital goiana, onde foi diretor-executivo das rádios da Record.
Sua carreira política começou oficialmente em 2012, quando foi eleito vereador de Goiânia pela primeira vez, cargo para o qual foi reeleito em 2016 com 8.311 votos, o quarto mais votado. Secretário de Gestão de Pessoas em 2013, logo voltou para a Câmara Municipal, onde chegou à 2ª vice-presidência.
Comoção ajuda a eleger prefeito intubado
Maguito foi eleito principalmente por três razões: estrutura de campanha, experiência política e comoção popular, afirmou ao UOL Eduardo Grin, cientista político da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
"Aspectos dramáticos envolvendo personagens públicas acabam mobilizando a opinião popular. É a psicologia do eleitor brasileiro, que nesses momentos pensa 'ah, vamos dar uma força para o cara, Deus vai ajudar, ele é bom'."
A facada no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na campanha de 2018 catapultou sua eleição. Bolsonaro também acabou ausente em boa parte campanha ao não ir aos debates.
Eduardo Grin, cientista político da FGV
O segundo aspecto "é mais pragmático", diz: "Maguito recebeu apoio do PT, PSB e PSDB. Ele já arrancou com uma base de apoio que ampliou a possibilidade de eleição", afirma.
Além disso, lembra, Maguito "tinha uma trajetória política muito maior que a do rival". Em 45 anos de vida pública, Maguito foi vereador, deputado estadual, federal, vice-governador, governador de Goiás (1995 e 1998), senador e prefeito de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital.
Grin destaca ainda que na eleição do ano passado, "diferente de 2018, o eleitor optou pela segurança ao votar em candidatos já testados, de legenda tradicionais". "Maguito Vilela representa isso."
Administração 'blindada'
O cientista político lembra que Cruz "tem a caneta, ele decide", mas o MDB, com marcas na cidade, deve tentar "blindar" a administração para que Cruz não caia "no populismo de Marcelo Crivella (Republicanos)", ex-prefeito do Rio.
"A lógica do que entra é preservar o patrimônio de quem morreu. Em seis meses saberemos que cara terá esse governo. Ele será controlado pelo MDB, ou Cruz vai se desgarrar para ter sua própria marca?", questiona.
Procurada, a Prefeitura de Goiânia não se manifestou até o fechamento desta reportagem.
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