Com disputa encaminhada no Senado, partidos travam duelo pela cadeira "02"
O domingo, véspera do pleito que definirá a nova Presidência do Senado, foi de reuniões entre parlamentares que cercam a chapa encabeçada pelo mineiro Rodrigo Pacheco (DEM). Os encontros, no entanto, terminaram sem uma resolução.
Tido como favorito na eleição de amanhã, Pacheco passou a lidar, no apagar das luzes, com uma pressão interna envolvendo duas forças políticas que têm interesse na cadeira "02": o PSD e o MDB.
O mineiro é pupilo do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que usou a sua força política para aglutinar o apoio tanto do governo Jair Bolsonaro (sem partido) quanto do principal partido de oposição, o PT — fato incomum na política nacional.
Robusta, a candidatura atraiu interesse de outras siglas pelo segundo posto mais relevante na Mesa do Senado, a primeira vice-presidência.
Na manhã de hoje, Alcolumbre e Pacheco conversaram com lideranças do PSD para tentar aparar as arestas. Mas o diálogo segue em aberto. O PSD informou que mantém a cobrança pela vaga caso o senador mineiro ganhe a eleição amanhã.
Devido às negociações, os dois democratas acabaram furando um almoço organizado pelo senador Wéverton Rocha (PDT-MA) em sua residência, em Brasília. Alcolumbre e Pacheco eram aguardados no local, mas não tinham chegado até as 13h em razão do impasse com o PSD.
MDB dividido
Interlocutores do DEM consideram que há potencialmente "mais a ganhar" se a vaga for destinada ao MDB. Este, por sua vez, está dividido em relação a apoiar ou não o candidato de Alcolumbre.
A dúvida decorre de divergências internas, que se tornaram ainda mais evidentes depois que a sigla deixou à própria sorte uma de suas lideranças, Simone Tebet (MS), que concorrerá à Presidência do Senado de forma "avulsa".
Independentemente de apoiar formalmente ou não o parlamentar mineiro, o MDB quer a primeira vice-presidência pelos critérios de proporcionalidade, já que é a maior bancada da Casa (15 nomes). O PSD é a segunda maior, com 11.
PSD "chegou primeiro", dizem membros
A aproximação da chapa de Pacheco com o MDB deixou membros do PSD extremamente irritados. Eles afirmam que a sigla "chegou primeiro" e, antes mesmo de o democrata consolidar favoritismo, já declarava o seu apoio. Além disso, lembram que o posto é ocupado atualmente pelo veterano Antonio Anastasia (MG), que deixou o PSDB durante o exercício do mandato e se filiou ao PSD.
Veterano, Anastasia é um dos quadros de confiança de Alcolumbre e o apoiou em diversos momentos durante as crises que se sucederam no Congresso desde o início do governo Bolsonaro (janeiro de 2019).
Dessa forma, o partido tem tentado convencer o atual chefe da Casa a levar em consideração esse relacionamento e também o fato de que o PSD não hesitou em se juntar a Pacheco desde o lançamento da candidatura.
A expectativa é de que o viés emocional se sobreponha a uma possível aliança "pragmática", que uniria os interesses do grupo liderado por Alcolumbre e os da maior bancada da Casa.
Lideranças do MDB, por outro lado, argumentam que, além da força e da tradição da sigla, o desembarque em relação à candidatura de Simone foi responsável por ampliar o favoritismo de Pacheco.
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