Flávio Bolsonaro: No 'palco das rachadinhas', aliados ecoam 'já ganhou'
Aliados do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) —onde suposta prática de "rachadinha" teria ocorrido— comemoraram o resultado do julgamento que anulou parte das provas usadas para denunciá-lo e apostam agora na anulação mais ampla de indícios contra ele pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Nos corredores da Casa Legislativa, parlamentares eleitos em 2018 na esteira do bolsonarismo, sob o discurso da "nova política", celebraram o que definem como "justiça divina". Para eles, não há conflito entre a anulação de provas que mostram forte indício de rachadinha e o discurso anticorrupção adotado pelos Bolsonaro nas eleições de 2018.
Na terça (24), o STJ anulou decisão que autorizou quebra de sigilo bancário e fiscal de Flávio —a partir dessa medida, o Ministério Público do Rio obteve provas usadas para demonstrar a movimentação irregular de dinheiro e denunciar o senador à Justiça.
Ex-segurança pessoal de Flávio e bolsonarista de primeira hora, o deputado Charles Batista (PSL) disse acreditar que a "vitória completa" ocorrerá na próxima terça-feira (2), quando a 5ª Turma do STJ julgará outros dois recursos feitos pela defesa de Flávio.
São eles: o questionamento do uso dos relatórios do Coaf (Conselho de Controle das Operações Financeiras) na investigação e a contestação sobre a legalidade das prisões, incluindo a do ex-assessor Fabrício Queiroz, acusado de ser o operador das "rachadinhas" no gabinete de Flávio quando deputado na Alerj.
"A justiça dos homens estava falhando, mas a justiça de Deus fez o melhor para nós. Infelizmente, alguns lugares e instituições estão aparelhados e, por isso, agem sem imparcialidade. Para que se corte esse mal pela raiz [a investigação contra o senador], é melhor que tudo acabe agora, com vitória completa já na próxima sessão", afirmou.
Assim como Batista, o deputado Márcio Gualberto (PSL) usa o discurso de perseguição à família Bolsonaro ao comentar o caso. "O que houve anteriormente foi uma decisão monocrática, na qual um juiz decretou a quebra de sigilo bancário de 95 pessoas com 2 linhas de argumentação. O STJ trabalhou com coerência. Eu acredito no Flávio, que sempre tratou do cargo com a maior decência possível."
Flávio Bolsonaro, de suspeito a 'vítima'
Questionado se a derrubada da queda do sigilo bancário do senador não seria contraditória ao discurso anticorrupção, o deputado Anderson Moraes (PSL) argumentou que o primogênito do presidente Jair Bolsonaro é vítima de "seletivismo da Justiça".
"[Essa ação] Era mais uma perseguição para atingir o presidente Jair Bolsonaro. Não pode haver a seletividade com a qual estavam tratando o caso. Outros deputados da Alerj estavam com o mesmo problema, também sendo investigados por rachadinhas", completou.
Argumento similar foi usado por Filippe Poubel (PSL). "Temos parlamentares com situação pior que a do Flávio, mas tentam atingir o presidente através do filho. Não me surpreende essa decisão, que visa apenas o tratamento igualitário."
Poubel também disse não ver conflito entre o prejuízo à denúncia e o discurso anticorrupção que ajudou a elegê-los. "Vejo perseguição. O que acontece com bolsonaristas, familiares do presidente e até mesmo com parlamentares que os apoiam é mera perseguição", afirmou ele, que também disse crer em decisão favorável ao senador em sessão do STJ da próxima terça.
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