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Quem é Carlão Pignatari, novo presidente da Alesp e nome forte de Doria

Deputado Carlão Pignatari (PSDB), novo presidente da Alesp - Mauricio Garcia de Souza/Alesp
Deputado Carlão Pignatari (PSDB), novo presidente da Alesp Imagem: Mauricio Garcia de Souza/Alesp

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

15/03/2021 17h43

Carlão Pignatari (PSDB) ganhou a eleição para presidência da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) com folga nesta segunda (15). Em seu terceiro mandato como deputado estadual, ele é um dos nomes fortes do governador João Doria (PSDB) na Casa.

O deputado teve 65 dos 90 votos presentes, com apoio até do PT para a composição da mesa. Na eleição, teve oposição apenas do PSOL, do Novo e de deputados ligados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) —o que indica a continuidade do domínio político do PSDB na Assembleia desde os anos 1990.

Pignatari está no partido há três décadas. Iniciou sua participação política em 1994, ao integrar a campanha de Mario Covas (PSDB) ao governo do estado. Ganhou a primeira eleição em 2000, para a Prefeitura de Votuporanga, a quase 600 km de São Paulo, cargo que ocupou por dois mandatos, até 2008.

Entrou para a Alesp em 2010 como representante do noroeste paulista e de parte do empresariado do interior, visto que vem de uma família de cultivo avícola. Em 2018, foi reeleito para o terceiro mandato com 74 mil votos.

Na Alesp, tem sido um dos principais xerifes do governador. Em outubro do ano passado, então líder do governo, Pignatari foi relator do projeto de reajuste fiscal do Executivo, o chamado "Pacotão do Doria", que alterava o investimento estadual em diferentes setores.

Junto ao então presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB), ele foi um dos responsáveis pelo projeto ser aprovador, mesmo que não da forma e na rapidez com que o Palácio dos Bandeirantes queria.

Processos e condenações por improbidade

Pignatari responde a quatro processos por improbidade administrativa, relativos aos oito anos em que foi prefeito de Votuporanga —foi condenado em dois deles.

Em 2015, foi condenado pela Justiça Federal de Rio Preto pela participação na chamada "Máfia das Sanguessugas", que envolveu o contrato de compra de ambulâncias por diversas prefeituras do país.

Na sentença, foi estabelecida uma multa de cerca de R$ 260 mil, a perda do mandato e a suspensão dos direitos políticos por cinco anos. Pignatari, que sempre negou as ilicitudes, recorreu e o processo está pendente no Tribunal Regional Federal da 3ª Região —o julgamento está previsto para abril.

Eleição com folga

Hoje, Pignatari foi eleito presidente da Alesp com 65 votos dos 90 deputados presentes —quatro faltaram à votação. O segundo mais votado foi o Major Mecca (PSL), candidato da bancada bolsonarista, com 16 votos, seguido por Sergio Victor (Novo, com cinco votos) e Carlos Giannazi (PSOL, com quatro votos).

Ele contou até com o apoio do PT, que conseguiu manter a 1ª secretaria, segundo cargo mais importante da Casa, com Luiz Fernando Teixeira (PT).

A eleição tranquila mostra que, apesar da crescente oposição bolsonarista, Doria continua com o comando da assembleia, tradicionalmente tucana —assim como o comando do governo.

A Alesp não tem a eleição de um não-tucano à presidência desde 2005, quando Rodrigo Garcia (então PFL, atual DEM), hoje vice-governador de Doria, foi eleito com a apoio do PSDB. Pignatari substitui Cauê Macris, outro deputado próximo ao governador, que ficou na cadeira por dois mandatos, entre 2017 e 2021.