Pacheco pede apuração de gesto com as mãos de assessor de Bolsonaro
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pediu ontem que a Secretaria Geral da Mesa apure o gesto feito por Filipe Martins, assessor Internacional do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), durante uma fala sua na casa. O pedido de investigação foi feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O assessor de Bolsonaro estava acompanhando o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, na sala de transmissão da sessão temática remota do Plenário do Senado. Durante uma fala de Pacheco, Martins, que estava sentado atrás do senador, fez um gesto com os dedos da mão direita, que também vêm sendo associado a supremacistas brancos ao redor do mundo, o que foi apontado nas redes sociais.
De acordo com o presidente do Senado, a Secretaria da Mesa colherá as informações necessárias sobre o ocorrido e as encaminhará à Policia Legislativa. Pacheco disse que não fará pré-julgamentos e que haverá respeito ao devido processo legal, à ampla defesa e à presunção de inocência.
Críticas
O Museu do Holocausto de Curitiba criticou o ato do assessor de Bolsonaro e fez uma alerta para o neonazismo. A entidade disse que "grupos supremacistas e neonazistas têm ideias em grande medida coincidentes e frequentemente se mesclam".
Já o senador Jean Paul Prates (PT-RN) lamentou a postura de Filipe e disse que o Senado "não é lugar para fazer gracinha ou pagar aposta com alguém".
"Aliás, continuo perturbado pela presença do assessor que fez esses gestinhos, aí atrás do presidente do Senado. Não sei nem que gesto importa tanto, se é um neofascista, se é uma ofensa depreciativa, o fato é que aqui não é local, nem momento para fazer gracinha, pagar aposta para ninguém. Não sei o que é isso aí, mas vai ser investigado", disparou Prates.
Em sua conta no Twitter, Martins alegou que estava apenas mexendo na lapela de seu paletó. O tuíte foi encaminhado à Secretaria Geral da Mesa pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) como mais um elemento para apuração do episódio.
Gesto ligado a movimentos supremacistas
O sinal tipicamente conhecido por significar "ok" vem sendo difundido principalmente nos Estados Unidos como um gesto ligado a movimentos supremacistas de extrema-direita.
Ele é usado pelo grupo Proud Boys, por exemplo, que ajudou na invasão do Capitólio em janeiro deste ano. O sinal também foi usado pelo atirador responsável pelo ataque a mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, em 2019. O gesto pode ainda ser interpretado como um sinal obsceno de "c...".
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