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Moraes chama de grosseiro ataque de Bolsonaro ao STF e exige respeito

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo - Arquivo - Rosinei Coutinho/STF
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Imagem: Arquivo - Rosinei Coutinho/STF

Do UOL, em São Paulo

10/04/2021 15h25

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes criticou ataque do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao ministro Luís Roberto Barroso, seu colega na Corte. Para Moraes, a fala do presidente de que faltaria "coragem moral" a Barroso, além de "grosseira", mostra uma falta de respeito.

"É lamentável a forma e o conteúdo das ofensas pessoais que foram dirigidas ao ministro Luís Roberto Barroso", disse. "Eu digo a forma e o conteúdo porque não só o conteúdo é falso, absolutamente equivocado, mas a forma também. A forma grosseira, a forma descabida, eu diria, de relacionamento entre os poderes."

Moraes participou, neste sábado, de uma entrevista promovida pelo grupo Prerrogativas, de advogados, e transmitida ao vivo pela internet. Estiveram presentes no encontro virtual advogados como Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Flávia Rahal.

CPI

Na sexta-feira (9), Bolsonaro atacou Barroso por ter concedido uma liminar que ordena a instalação da CPI da covid-19 no Senado. A decisão é dentro de uma ação movida por senadores, que reclamavam de terem conseguido assinaturas suficientes para abrir a CPI, mas, mesmo assim, ela não era apreciada pelo Senado.

"Use sua caneta para boas ações, em defesa da vida e do povo brasileiro e não para fazer 'politicalha' dentro do senado. Se tiver moral, um pingo de moral, Luís Barroso, mande abrir processo de impeachment contra alguns de seus companheiros do Supremo", disse Bolsonaro. Falta-lhe coragem moral e sobra-lhe imprópria militância política."

Respeito

Na entrevista, Moraes defendeu Barroso, dizendo que o ministro "é um grande professor, um grande defensor dos Direitos Humanos, uma pessoa que sempre dedicou sua vida ao Direito". "Nós não concordamos sempre, mas nós nos respeitamos sempre. E é isso que está faltando um pouco no Brasil entre diversas autoridades: respeito."

Quem quer respeito, deve respeitar também. E o Supremo Tribunal Federal respeita o Poder Executivo, respeita o Poder Legislativo, e exige de ambos
Alexandre de Moraes, ministro do STF

Após a declaração de Bolsonaro, o STF emitiu uma nota em que disse "reiterar que os ministros que compõem a Corte tomam decisões conforme a Constituição e as leis, e que, dentro do estado democrático de direito, questionamentos a elas devem ser feitos nas vias recursais próprias, contribuindo para que o espírito republicano prevaleça em nosso país".

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.