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Bolsonaro retruca ao ouvir reclamação sobre estados: 'Não sou ditador'

Presidente Jair Bolsonaro disse em conversa com apoiadores que estados e municípios tem outras pessoas eleitas para "tomar conta" dos problemas locais - Adriano Machado/Reuters
Presidente Jair Bolsonaro disse em conversa com apoiadores que estados e municípios tem outras pessoas eleitas para "tomar conta" dos problemas locais Imagem: Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em São Paulo

13/04/2021 11h03Atualizada em 13/04/2021 11h12

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), disse hoje que não é "ditador do Brasil" depois de ouvir reclamações sobre estados e municípios.

Na conversa em frente ao Palácio da Alvorada, um dos seguidores pediu para Bolsonaro 'dar atenção ao Rio de Janeiro' em relação à 'problemática política', mas o presidente disse que estados e municípios tinham outras pessoas eleitas para "tomar conta" dos problemas locais.

Na sequência, ele aproveitou a queixa para repetir críticas às medidas de restrição adotadas por governadores e prefeitos para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil

"Pessoal vem reclamando que acabou o emprego, mas quem fechou o comércio não fui eu, quem te obrigou a ficar em casa não fui eu. Eu faço a minha parte. Impressionante? O pessoal em vez de dar força a mim, critica. Não sou ditador do Brasil", afirmou.

Em meio ao pior momento da pandemia no Brasil, Bolsonaro tem reafirmado sua posição contrária a medidas de restrição, embora epidemiologistas e outros especialistas em saúde pública apontem o controle de circulação como única forma capaz de frear rapidamente a alta taxa de transmissão no Brasil

Ontem, o Brasil voltou a registrar recorde na média de mortes causadas pela covid-19 num intervalo de sete dias. Apenas na última semana, 3.125 pessoas perderam a vida por conta da doença em média por dia.

Diversos estados e municípios têm adotado medidas restritivas mais severas para conter a pandemia. Algumas cidades que decretaram lockdown, como Araraquara, tiveram uma rápida queda na taxa de transmissão e hoje vivem uma situação menos crítica no atendimento hospitalar a infectados.

Na conversa com apoiadores, Bolsonaro voltou a distorcer uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que determinou como concorrentes a competência dos governos federal, estaduais e municipais em relação ao combate à covid-19. Ou seja, todos têm poder sobre medidas, diferente do que Bolsonaro insinua ao dizer que está de mãos atadas.

"Quem deu o poder para estados e municípios fazerem o que estão fazendo? Inclusive ignorando a constituição. Quem foi que deu esse poder? Não estou criticando nada, quem foi que deu esse poder?", questionou.

Ele ainda disse que pegou uma "casa completamente desarrumada" ao assumir a presidência e se esquivou de possíveis cobranças pelo aumento de desemprego e fome no Brasil.

"Vão culpar quem pelo desemprego, adivinha?", disse, mais uma vez citando o que chama de 'política do lockdown'.