Randolfe quer CPI da covid de forma remota, mas líder do governo reclama
Os senadores ainda não decidiram como será a forma de trabalho na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19. Existem três possibilidades: presencial, virtual ou mista. Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que protocolou o pedido da CPI, acredita que ela pode ser realizada à distância sem problema, por causa da pandemia de covid-19. Mas o líder do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), discorda e tenta adiar o início.
"Acho difícil (a CPI funcionar de forma remota), porque as arguições vão perder qualidade e segurança. Alguns ritos de CPI ficam inconsistentes, por conta das características específicas do inquérito. As oitivas, as instruções e a segurança de onde está sendo feita a fala, por exemplo, ficariam prejudicadas. Se (um investigado) depuser em casa, poderia estar usando um teleprompter, ter mais pessoas ajudando, sem que o Senado saiba", afirmou Eduardo, em entrevista ao jornal O Globo.
O líder do governo também afirmou que uma CPI mista, semipresencial, não é regulamentada. E pediu adiamento da comissão. "A hora de fazer CPI presencial não é agora, mas quando todos estivermos vacinados."
Já Randolfe pediu a realização imediata, argumentando que todas atividades do Congresso e do Poder Judiciário estão acontecendo à distância.
"Se é possível funcionamento remoto do Senado, e quando reduzir nível de contaminação, o funcionamento semipresencial... Se é possível o funcionamento remoto do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Ministério Público, por que não seria possível funcionar uma comissão parlamentar de inquérito? Se a lógica de que é inviável ter CPI triunfasse, todos os inquéritos no Brasil teriam que ser paralisados. Isso não tem lógica", defendeu Randolfe, também em entrevista ao jornal O Globo.
Outra questão sobre a CPI é como serão a investigação a respeito do repasse para governadores e prefeitos. Eduardo Gomes disse que a inclusão desses gestores na comissão não é uma manobra para dispersar o foco do governo federal.
"A partir do momento que A CPI do Randolfe Rodrigues foi juntada à CPI protocolada pelo Eduardo Girão (Podemos-CE), é de mérito que seja investigada transferência de recursos federais para estados e municípios. Não se trata de uma manobra, mas de um fato vinculado ao funcionamento e à razão da CPI", declarou Eduardo.
Sobre o tema, Randolfe apoiou a proposta do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que pretende averiguar tudo que for ligado à investigação central, que á ação da União. "O que for fato conexo, por óbvio, será investigado. Não podemos adentrar e responsabilizar governadores, mas fatos conexos obviamente farão parte do relatório final."
Eduardo Gomes foi perguntado sobre o principal risco da CPI para o governo federal e citou a crise que houve em Manaus. "Como o objeto apontado central é a crise de Manaus, o governo vai ter que apresentar informações sobre a crise envolvendo essa região. É o principal risco e único fato envolvendo o governo federal. Na verdade, a CPI foi feita para isso. Pode até ampliar o escopo, mas o foco central é esse."
Já Randolfe mostrou vontade de ir muito além desse tema. "A CPI não investiga pessoas, mas fatos. Há perguntas como: quais razões nos levaram a nos tornar o epicentro global da pandemia? Por que de dez seres humanos que morrem de Covid no planeta, três são brasileiros? Que razões levaram a termos colapsado no fornecimento de oxigênio em algumas regiões do Brasil, a começar pelo Amazonas? Por que estamos colapsando com ausência de equipamentos de intubação? Por que o Brasil não adquiriu vacinas desde o ano passado e não aderiu ao consórcio Covax Facility? Por que retardou o registro da Coronavac, que hoje é a vacina que 8 a cada 10 brasileiros recebem?", concluiu o senador eleito no Amapá.
Pacheco já disse que pelo menos a primeira reunião da CPI terá que ser presencial, para eleição do presidente do colegiado, mas seguindo todos os protocolos sanitários.
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