Witzel: Há indícios de que Bolsonaro usa MP para prejudicar governadores
O governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse haver "indícios suficientes" de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "usa o MP para prejudicar governadores". O que sustentaria essa tese, segundo Witzel, é o fato de o ex-ministro Sergio Moro ter dito "que o presidente estava interferindo no Ministério da Justiça".
"Na gravação que foi divulgada, o presidente disse para o Ministro da Justiça que ele só queria o RJ. Logo após da saída de Moro, as operações no Rio começaram e foram duas buscas e apreensões na minha casa em três meses", disse, em entrevista à CNN Brasil.
Para Witzel, o MP "deveria investigar todos" mas, medidas como afastamento do cargo e prisão, "só podem ser deferidas em casos extremos e justificáveis". O que, em seu ponto de vista, não aconteceu. Para o governador afastado, o "único politicamente prejudicado" foi ele mesmo.
Além disso, entende que o Ministério Público está sendo utilizado pelo presidente para atingir governadores e prefeitos que são contrários aos interesses de Bolsonaro, "que é negacionista e não senta para dialogar".
Em participação no UOL Entrevista, Witzel já havia criticado o ex-aliado pela postura frente à pandemia de covid-19. À época citou a falta de apoio do governo federal na tomada de decisões, o que teria deixado os governadores "abandonados à sua própria sorte" e sem diálogo.
'Processo de impeachment atípico'
Afastado do governo do Rio após se tornar alvo de denúncias por corrupção e lavagem de dinheiro, e responder a processo de impeachment, Witzel alega que "o estamos assistindo é um processo de impeachment que é atípico". Isso porque, segundo ele, não é um desejo da população.
Para Witzel, os moradores do estado estavam "de acordo com o que estávamos fazendo". Por isso, entende que tudo não passa de um processo "manipulado" para atender aos "interesses de determinados grupos políticos do país".
O julgamento do pedido de impeachment do governador afastado está marcado para o próximo dia 30 de abril. Confiante de que será inocentado, Witzel afirma que sua condenação representaria "uma ruptura democrática muito grave" para o estado do Rio e também para o Brasil.
Por isso, não descarta concorrer novamente a uma eleição. "Me candidataria de novo. Se cassado for, não serei cassado por corrupção", disse.
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