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Enquanto Bolsonaro quer ser último, ministros e Mourão mostraram vacinação

Vice-presidente Hamilton Mourão é vacinado com a segunda dose da CoronaVac em Brasília; membros do governo divulgaram vacinação - Divulgação
Vice-presidente Hamilton Mourão é vacinado com a segunda dose da CoronaVac em Brasília; membros do governo divulgaram vacinação Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

28/04/2021 15h58

A vacinação de Jair Bolsonaro (sem partido) contra a covid-19 voltou ao debate depois que o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, disse em um áudio vazado que tentava convencer o presidente a se imunizar. Hoje, o próprio Bolsonaro deu sinais de que não seguirá o conselho ao dizer que gostaria de ser o último brasileiro a ser vacinado, em postura diferente da vista em outros membros do governo.

Apesar de Ramos ter dito que tomou a vacina "escondido" (veja explicação abaixo), outros ministros deram destaque nas redes sociais à aplicação de pelo menos uma das doses, com discursos públicos claros de incentivo à imunização. O vice-presidente Hamilton Mourão também já tomou a vacina.

Até o momento, confirmaram o início do processo de imunização com a aplicação de pelo menos uma dose os seguintes ministros: Paulo Guedes (Economia), Tereza Cristina (Agricultura), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Marcelo Queiroga (Saúde).

Queiroga foi imunizado como profissional da saúde, antes de assumir o cargo. Ramos recebeu a primeira dose no dia 18 de abril. Já os outros três ministros publicaram imagens — ou foram filmados — no momento da vacinação com mensagens de incentivo. Guedes, por exemplo, disse "vamos vacinar bastante".

Paulo Guedes recebe a primeira dose de vacina contra covid-19 - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Paulo Guedes recebe a primeira dose de vacina contra covid-19
Imagem: Reprodução/TV Globo

Entre os aliados mais radicais de Bolsonaro, o discurso titubeante em relação às vacinas também perdeu força. Porém, a imagem de Bolsonaro com o braço de fora sendo imunizado, considerada emblemática, ainda parece longe de ser feita.

Bolsonaro está apto a ser vacinado desde o dia 3 de abril, quando o Distrito Federal iniciou a aplicação em pessoas com mais de 66 anos. Criou-se a expectativa de que ele pudesse tomar a primeira dose logo no primeiro dia, mas até o momento o presidente não iniciou seu processo de imunização.

Hoje, Bolsonaro deu mais uma indicação que não deve ser imunizado tão cedo. Em conversa com apoiadores, ele afirmou que só tomará a as doses depois que o "último brasileiro" se vacinar. "Tem gente apavorada, então toma na minha frente. Sou chefe de estado e tenho que dar exemplo", disse.

Bolsonaro foi infectado pelo novo coronavírus em julho do ano passado. Porém, a recomendação dos órgãos de saúde é que quem já contraiu a doença seja vacinado normalmente, para evitar chances de reinfecção e reforçar a imunidade.

General Ramos diz que tomou vacina "escondido"

Um áudio vazado de uma reunião do Conselho de Saúde Suplementar, e publicado por veículos como o jornal Folha de S. Paulo e a rádio CBN, mostra Luiz Eduardo Ramos dizendo que tomou vacina escondido e que ainda tenta convencer Bolsonaro a se imunizar.

Ele disse estar "envolvido pessoalmente tentando convencer o presidente", uma vez que a vida dele "corre risco" em caso de reinfecção. "Nós não podemos perder o presidente para um vírus desse", disse.

Ao dizer que tomou a vacina "escondido", Ramos não deixou claro se houve alguma recomendação sobre o assunto dentro do Palácio do Planalto. O vice-presidente Hamilton Mourão negou qualquer orientação.

Em nota, o ministério da Casa Civil alegou que "ao dizer, de maneira informal, que teria tomado a vacina escondido, o ministro se referia ao fato de ali estar um dos mais de 38 milhões de brasileiros que já se vacinaram e não um ministro de Estado".

"É importante ressaltar que a vacinação do ministro foi divulgada, à época, na imprensa. O ministro, portanto, não tomou a vacina de forma escondida e nunca foi orientado a não relatar tal fato. Apenas não quis fazer desse momento um ato político", completa a nota.

Vale lembrar que o início da imunização no Brasil, em janeiro, marcou também uma remodelagem da postura de Bolsonaro. Se antes flertava com o negacionismo em relação ao tema, o presidente passou a se posicionar de forma mais clara a favor da campanha nacional, embora mantenha-se contrário à vacinação obrigatória.

Em março, o jornal O Globo publicou que auxiliares também atuavam para que o presidente tomasse a primeira dose quando possível, assim como Luiz Eduardo Ramos manifestou na reunião de ontem. Até o momento, porém, o poder de convencimento não foi o suficiente.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.