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Bolsonaro pode ser imunizado hoje; veja o que ele já falou sobre a vacina

Jair Bolsonaro tenta cumprimentar Zé Gotinha, mas acaba abraçando personagem - Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
Jair Bolsonaro tenta cumprimentar Zé Gotinha, mas acaba abraçando personagem Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

03/04/2021 04h00

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já pode ser vacinado hoje com a programação da vacinação para idosos de 66 anos para cima a partir deste sábado (3) no Distrito Federal.

Ao UOL, a Secretaria de Comunicação da Presidência não confirmou se ele tomará ou não a vacina. Por falta de doses, o DF interrompeu a imunização no feriado, mas o lote de Bolsonaro estaria garantido junto ao Ministério da Saúde.

Caso tome o imunizante, o ato consolidará uma grande mudança na postura de Bolsonaro quanto às vacinas. Como o UOL Confere já mostrou, o presidente não só debochou como negligenciou a imunização no Brasil. Veja as falas mais célebres durante a pandemia:

Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que [nem] sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina.
21 de outubro, no Twitter

Em meio à rixa pública com o governador João Doria (PSDB-SP), Bolsonaro desautorizou publicamente a compra da CoronaVac, produzida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, depois que o então ministro Eduardo Pazuello já tinha confirmado a aquisição. Sem vacinas, Bolsonaro voltaria atrás três meses depois.

Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha.
10 de novembro, no Facebook

Em novembro, Bolsonaro comemorou a suspensão da terceira fase de testes da CoronaVac pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como uma vitória política sobre Doria.

Eu não vou tomar vacina e ponto final, problema meu.
15 de dezembro, em entrevista

Às vésperas do envio do pedido de aprovação da CoronaVac à Anvisa, o presidente subiu o tom contra vacinas na imprensa e chegou a negar que se imunizaria.

Já tenho anticorpos. Pra que tomar a vacina de novo?
17 de dezembro, em discurso

O tom de negação se manteve, dessa sob o argumento de que, como já havia contraído o vírus, não teria necessidade de ser imunizado.

Se você virar um jacaré, é problema de você.
17 de dezembro, em discurso

Os ataques contra imunizantes não eram dirigidos apenas à CoronaVac. No mesmo discurso em que falou sobre anticorpos, questionou ainda a vacina da Pfizer/BioNTech, que tem sido amplamente usada nos Estados Unidos, na Europa e em Israel, com uma analogia a "virar jacaré".

Mais uma vez, no entanto, Bolsonaro voltou atrás e o Ministério da Saúde comprou, com muito atraso, 100 milhões de doses da Pfizer.

Tá muito suspeita essa pressa em gastar R$ 20 bilhões pra comprar vacina.
20 de dezembro, em entrevista

No final de dezembro, depois que a Europa já havia iniciado a vacinação, Bolsonaro se mostrou calmo frente à urgência de acelerar a imunização por aqui. Em entrevista ao filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ele disse ter "prudência" e não entender a "pressa para comprar vacina".