Topo

Esse conteúdo é antigo

Renan: Tropa de choque de Bolsonaro tem de entender limitação de seu papel

Rafael Bragança, Wanderley Preite Sobrinho e Letícia Lázaro

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL

03/05/2021 15h07

O senador e relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou hoje ao UOL que a "tropa de choque" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem de entender a "limitação de seu papel", em resposta à tentativa de governistas de obstruir os trabalhos da comissão.

Em participação no UOL Entrevista de hoje, conduzido por Fabíola Cidral e Tales Faria, Renan afirmou que a tropa de choque do governo não contava com a instalação da CPI e, por isso, tentou obstruir os trabalhos, como ao tentar impedir que ele assumisse a relatoria.

"Eu acho que o governo precisa concentrar melhor suas energias", disse ele. "Colocar à disposição os atores que nós entendemos que precisam ser ouvidos", completou.

A tropa de choque precisa compreender a limitação do seu papel. Eles não vão transformar as reuniões da CPI em reuniões de xingamento, de provocações. Nós vamos estar fixados na necessidade de apurar, de ganhar cada dia dessa investigação: são apenas 90 dias e precisamos produzir resultados, mesmo que preliminares e parciais.
Renan Calheiros, relator da CPI da Covid

Renan disse temer que a tal "tropa de choque" transforme "a CPI num biombo para defender o presidente, para isentar o presidente". "Isso não pode acontecer. Se o presidente for isentado, é a investigação que vai dizer."

Polêmica na relatoria da CPI

Crítico das medidas adotadas pelo governo Bolsonaro contra a pandemia, Renan foi escolhido após acordo entre sete dos 11 membros da CPI considerados independentes ou de oposição ao governo.

O ex-presidente do Senado quase foi impedido de assumir o posto depois que a Justiça Federal do Distrito Federal concedeu à deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) uma decisão liminar. Zambelli defende que o relator é pai de Renan Filho (MDB), governador de Alagoas, e por isso seria parcial nas investigações, cujo alvo inclui repasses federais a estados e municípios.

A decisão, porém, acabou caindo no último dia 27 por decisão do próprio presidente em exercício do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), Francisco de Assis Betti, ao alegar que a escolha do relator é direito do presidente da Comissão, no caso o senador Omar Aziz (PSD-AM).

Renan assumiu o posto defendendo que os responsáveis pelo agravamento da pandemia sejam punidos "exemplarmente". Um dos alvos da comissão é o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que deverá depor na CPI na próxima quarta-feira (5).

Os outros dois ex-ministros da Saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, e o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, também serão ouvidos. Mandetta e Teich falarão à comissão amanhã (4); já Queiroga dará seu depoimento na quinta (6).