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Bolsonaro chama CPI de 'xaropada'; Renan rebate e diz que ele é ocioso

Do UOL, em São Paulo

06/05/2021 21h07Atualizada em 06/05/2021 22h08

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou hoje a condução dos trabalhos pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, que está investigando a atuação do governo federal no combate à pandemia. Ele definiu a comissão como "xaropada" e reclamou das perguntas dos senadores ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, terceira pessoa a depor.

Não dá para ouvir tudo [da CPI]. Primeiro porque é uma xaropada, raramente um senador que... Raramente não, tem senadores que são bem-intencionados, fazem um brilhante trabalho. Mas tem uns quatro que, pelo amor de Deus, sabem tudo. Deveriam se apresentar para ser ministro da Saúde. Se apresente, eu te nomeio para ser ministro no lugar de Queiroga."
Jair Bolsonaro, durante sua live semanal

O presidente ainda sugeriu — sem apresentar provas — que houve desvio de recursos públicos para o enfrentamento da covid-19 na gestão do governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid.

Bolsonaro não citou Calheiros nominalmente, mas fez referência a uma pergunta feita por ele a Queiroga sobre quais frases ditas pelo presidente foram responsáveis por causar mais mortes na pandemia.

"Sabe qual seria a minha resposta? Ó, excelentíssimo senador, frase não mata ninguém, o que mata é desvio de recursos públicos, que o seu estado desviou. Então vamos investigar o teu filho que a gente resolve esse problema", afirmou, logo depois de dizer que gostaria de participar da CPI.

Calheiros rebate Bolsonaro

A sessão de hoje ainda acontecia no momento da live presidencial, e Calheiros aproveitou sua fala para rebater Bolsonaro.

"Eu queria, com a permissão dos senhores, dizer, com todo o respeito ao presidente da República, que o que mata é a pandemia, pela inação e inépcia, que eu torço não seja dele, porque nós não queremos fulanizar isso aqui. Com relação ao estado de Alagoas, ele que não gaste o seu tempo ociosamente, como tem gastado o seu tempo, enquanto os brasileiros continuam morrendo", disse o senador.

Aqui nesta Comissão Parlamentar de Inquérito, se houver necessidade, todos, sem exceção, serão investigados.
Renan Calheiros, em resposta a Jair Bolsonaro

Defesa da cloroquina

Jair Bolsonaro - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Em outro momento da live, Bolsonaro ainda reclamou das perguntas relativas ao uso da cloroquina no tratamento da covid-19. Ele voltou a defender o medicamento, comprovadamente ineficaz contra a doença, e chamou de "canalha" que o critica por fazê-lo.

"E a CPI bateu muito no Queiroga. Cloroquina, cloroquina, o tempo todo cloroquina", disse o presidente. "Falei com vários senadores, vou chutar que no mínimo uns dez usaram isso. Levanta o braço quem usou cloroquina! Todo mundo? Já usou? Não ficou doente? Todo mundo usou, pô. Acho que quem não tem uma alternativa... Cala a boca, deixa de ser canalha!"

Ele também comparou o uso da cloroquina contra a covid-19 com beber Coca-Cola quando tem dor no estômago, e sugeriu que seu "bucho todo corroído" o tenha salvado da facada sofrida em 2018, durante a campanha à Presidência.

"Quando tenho problema no estômago, alguém sabe o que eu tomo? Eu tomo Coca-Cola e fico bom. É problema meu, o bucho é meu. Talvez a Coca-Cola, meu bucho todo corroído, me salvou da facada do Adélio [Bispo da Silva]. Deem porrada em mim amanhã, Folha de S.Paulo, Globo, Estadão, Isto É, UOL. Deem porrada em mim!", completou, fazendo novo ataque à imprensa.

Canalha é quem diz 'não tome isso' e não tem alternativa. É canalha. (...) Tem uns canalhas aí que falam: 'Ah, gastou com cloroquina em excesso'. Gastou quanto, malandro? Fala quanto! Ô, canalha, fala quanto!
Presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.