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Bolsonaro critica perguntas da CPI a Queiroga e volta a defender cloroquina

Do UOL, em São Paulo

06/05/2021 20h07Atualizada em 06/05/2021 23h43

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou hoje as perguntas feitas ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante seu depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid — em especial, as relativas ao uso da cloroquina no tratamento da covid-19. Bolsonaro ainda voltou a defender o medicamento, comprovadamente ineficaz contra a doença, e chamou de "canalha" que o critica por fazê-lo.

"E a CPI bateu muito no Queiroga. Cloroquina, cloroquina, o tempo todo cloroquina", disse o presidente durante sua live semanal. "Falei com vários senadores, vou chutar que no mínimo uns dez usaram isso. Levanta o braço quem usou cloroquina! Todo mundo? Já usou? Não ficou doente? Todo mundo usou, pô. Acho que quem não tem uma alternativa... Cala a boca, deixa de ser canalha!"

Canalha é quem diz 'não tome isso' e não tem alternativa. É canalha. (...) Tem uns canalhas aí que falam: 'Ah, gastou com cloroquina em excesso'. Gastou quanto, malandro? Fala quanto! Ô, canalha, fala quanto!
Presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

Ele ainda comparou o uso da cloroquina contra a covid-19 com beber Coca-Cola quando tem dor no estômago, e sugeriu que seu "bucho todo corroído" o tenha salvado da facada sofrida em 2018, durante a campanha à Presidência.

"Quando tenho problema no estômago, alguém sabe o que eu tomo? Eu tomo Coca-Cola e fico bom. É problema meu, o bucho é meu. Talvez a Coca-Cola, meu bucho todo corroído, me salvou da facada do Adélio [Bispo da Silva]. Deem porrada em mim amanhã, Folha de S.Paulo, Globo, Estadão, Isto É, UOL. Deem porrada em mim!", completou, fazendo novo ataque à imprensa.

Queiroga "foge" do assunto

Marcelo Queiroga 3 - Jefferson Rudy/Agência Senado - Jefferson Rudy/Agência Senado
Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Terceira pessoa a depor na CPI da Covid, Queiroga tentou se esquivar de perguntas sobre a cloroquina. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a fazer uma provocação e pedir que ele respondesse com "sim ou não" aos questionamentos.

"O senhor compartilha ou não das opiniões do presidente? É uma pergunta objetiva. O senhor pode dizer sim ou não", persistiu Calheiros ante a resistência de Queiroga.

Já o presidente da CPI, Omar Omar Aziz (PSD-AM), ironizou: "Até minha filha de 12 anos falaria sim ou não".

O ministro também evitou responder sobre as posições de Bolsonaro sobre um suposto "tratamento precoce" contra o coronavírus e a ameaça do presidente de editar um decreto contra medidas restritivas de estados e municípios para conter a transmissão da doença.

Ainda assim, Queiroga ressaltou a importância do isolamento social e do uso de máscaras, que defendeu desde o início de sua gestão. "É uma oportunidade de eu reiterar: o isolamento físico é importante, o uso de máscaras é importante. Eu tenho feito isso todos os dias, todos os dias", afirmou.

(Com Reuters)

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.