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Na CPI, Queiroga defende máscara, testagem e vacinação

Rayanne Albuquerque, Luciana Amaral e Lucas Valença*

Do UOL em São Paulo e em Brasília

06/05/2021 10h59Atualizada em 06/05/2021 11h50

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga defendeu o uso de máscara, testagem e vacinação para enfrentar o coronavírus no Brasil. As declarações foram feitas em depoimento hoje à CPI da Covid, no Senado.

O cardiologista é o terceiro a ser ouvido pelo colegiado, que investiga quais foram as medidas adotadas pelo governo federal para reduzir os impactos da pandemia no Brasil, assim como o uso de recursos da União repassados a estados e municípios.

Temos que adotar uma política de testagem para orientar política de isolamento de pacientes contaminados bem como contactantes e temos que fortalecer nosso sistema de saúde para que ele seja capaz de atender casos mais graves, sobretudo os que precisam de ventilação mecânica
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde

Ao ser questionado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre as ações do governo para conter a covid-19, Queiroga fez comparações com a gestão feita em outros países. Calheiros rebateu a afirmativa, afirmando que a comparação não era possível, uma vez que "nenhum chefe de Estado dos outros países tratou a covid como gripezinha".

Em determinado momento, quando Renan fazia perguntas a Queiroga, houve um breve bate-boca entre o senador e governistas. Aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) avaliaram que o relator estava fazendo comentários e perguntas excessivamente combativos com juízo de valor negativo ao governo. Após intervenção do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), com mais discussões entre os senadores, as perguntas de Renan a Queiroga foram retomadas.

Terceiro dia de oitivas na CPI

Marcelo Queiroga participa do terceiro dia de oitivas da CPI da Covid, que já colheu depoimentos dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. O cardiologista ocupa o cargo há pouco mais de um mês.

Para hoje à tarde, está previsto que o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Antonio Barra Torres, também seja ouvido pelo colegiado.

O ex-secretário da Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten e representantes da Pfizer prestarão depoimento no dia 11 de maio. Já os presidentes da Fiocruz, Nísia Trindade, e do Instituto Butantan, Dimas Covas, serão ouvidos pela comissão no dia 12 de maio.

O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e representantes da União Química irão depor no dia 13 de maio, enquanto o ex-ministro Eduardo Pazuello falará aos senadores no dia 19 de maio. A oitiva de Pazuello teve que ser adiada após o ele ter contato com duas pessoas que foram diagnosticadas com a covid-19.

Queiroga disse ontem que não há "negacionismo"

Ontem, o ministro da Saúde disse que o governo federal "não é negacionista" e que negacionismo seria "negar o que o governo fez".

Em momentos anteriores, Queiroga também afirmou que a gestão de Bolsonaro "não mediu esforços" para contratar vacinas contra o coronavírus, ainda que o próprio governo tenha admitido que só conseguiu negociar metade dos 560 milhões de doses que havia anunciado.

O presidente Bolsonaro tem se colocado contra medidas de isolamento e a favor do uso de medicações ainda sem eficácia comprovada para tratar pacientes diagnosticados com a covid-19, com a cloroquina.

* Com a colaboração de Nathan Lopes, do UOL em São Paulo

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.