Queiroga usa lançamento de pesquisa para defender Bolsonaro
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, usou o lançamento do que chamou de "maior pesquisa sobre covid-19 do mundo", na manhã de hoje, para desagravar o governo e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que ontem (4) foi tratado como negacionista pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) no primeiro dia de depoimentos à CPI da Covid. Queiroga repetiu o nome do presidente diversas vezes no evento para ironizar acusações de negacionismo e dizer que o governo aposta em ciência.
Ontem, Mandetta afirmou à CPI que, ainda ministro, enviou uma carta ao presidente com recomendações científicas para conter a pandemia, como distanciamento social. O documento, porém, teria sido ignorado por Bolsonaro, que em 2020 chamou a covid-19 de "gripezinha", promoveu aglomerações com simpatizantes, recusou-se a usar máscara e até agora não se vacinou.
Hoje, o atual ministro saiu em defesa do chefe sem mencionar a CPI. Queiroga foi o último a falar durante o lançamento do PrevCOV (Pesquisa de Prevalência de Infecção por Covid-19), "a maior pesquisa sobre a covid no mundo".
"Único inimigo"
Embora a CPI busque responsáveis pelas mais de 400 mil mortes por covid no Brasil, Queiroga iniciou seu discurso dizendo que o Brasil "tem um único inimigo: o vírus". Em seguida afirmou que Bolsonaro atua "de maneira integrada" no combate à pandemia, ao contrário do que indica relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) em poder da CPI, segundo o qual o governo mudou documentos oficiais para se eximir de liderar as ações contra a crise sanitária.
"O governo federal, por determinação do excelentíssimo presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, tem atuado de maneira integrada. O Ministério da Saúde, das Relações Exteriores, da Defesa, da Economia, da Infraestrutura (...) e tem atuado para apoiar estados e municípios na assistência à saúde", afirmou o ministro.
Ele voltou a citar o presidente ao dizer que o governo "não mediu esforços" para contratar vacinas: "Foi assim que o presidente Jair Bolsonaro, por medida provisória, enviou ao Congresso aporte de R$ 20 bilhões para aquisição de vacinas para que o Brasil tenha um dos maiores programas públicos de vacinação do mundo", disse Queiroga.
Para o TCU, porém, o valor é insuficiente para conter a crise e o governo demorou para comprar imunizantes.
Negacionismo é negar o que o governo federal tem feito no investimento à pesquisa, ciência e tecnologia
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde
Prova disso seria a realização da própria pesquisa sobre a covid e "a prioridade número um do governo, que é a campanha de vacinação".
"É um governo que tem investido fortemente nas pesquisas (...) em fármacos inovadores, fomento ao complexo industrial da saúde", disse Queiroga.
Pesquisa de R$ 200 milhões
Preparada para coletar o sangue de 211 mil brasileiros em 62 mil residências de 274 cidades de todos os estados brasileiros, a PrevCOV custará R$ 200 milhões aos cofres públicos e está prevista para acontecer entre junho e setembro deste ano.
Primeiro alguns brasileiros receberão um contato do governo por WhatsApp ou SMS, depois uma ligação para confirmar os dados e quais moradores desejam participar da pesquisa. Após o agendamento, um profissional fará algumas perguntas —como sintomas da doença e realização de teste—, e coletar a amostra de sangue.
A novidade é a criação de um "biorepositório", uma "soroteca" na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio, em que as amostras de sangue serão armazenadas para futuros estudos complementares sobre a covid-19, "uma tendência de vanguarda no mundo em pesquisa epidemiológica", afirmou o presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eduardo Luiz Gonçalves Rios Neto.
O objetivo é identificar o perfil de contágio e compreender o comportamento da doença em todo o país.
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