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Josias: Pedido da PF sobre Toffoli constrange STF e surpreende Planalto

Do UOL, em São Paulo*

12/05/2021 08h42Atualizada em 12/05/2021 15h27

O colunista de política do UOL Josias de Souza disse hoje que o pedido da Polícia Federal para investigar o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), constrange a principal corte do país e surpreende o Palácio do Planalto. Em participação no UOL News na manhã de hoje, Josias disse que o impacto da notícia tem grande repercussão em Brasília.

O pedido da PF para investigar o ministro Dias Toffoli é uma bala perdida que constrange o STF e surpreende o Palácio do Planalto. O pedido é constrangedor para o STF porque espirra a lama da delação do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral nos salões do Judiciário no instante que as togas estão empenhadas em desligar a Lava Jato da tomada. E é surpreendente para o Palácio porque Bolsonaro imaginava ter assumido o controle da PF, e ele começa a descobrir que um pedaço da corporação não parece disposto a aceitar a coleira.
Josias de Souza, colunista do UOL

Ainda segundo Josias de Souza, a acusação contra Dias Toffoli pede luzes acesas.

Ontem, o jornal Folha de S.Paulo publicou que a Polícia Federal pediu ao STF a abertura de investigação contra o ministro do STF Dias Toffoli para apurar supostos repasses ilegais ao magistrado envolvendo a venda de decisões judiciais. O pedido da PF, feito com base na controversa delação premiada do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, está sob análise do relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin.

Em um dos trechos da delação premiada, Cabral acusa Toffoli de receber cerca de R$ 4 milhões para ajudar dois prefeitos do Estado do Rio em processos que tramitavam no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ministro atuou na Corte Eleitoral de 2012 a 2016.

De acordo com o delator, os pagamentos teriam sido efetuados por Hudson Braga, ex-secretário de obras do Rio, e teriam alcançado o escritório da advogada Roberta Rangel, mulher de Toffoli.

No início do ano passado, Fachin homologou o acordo de colaboração premiada firmado por Cabral com a PF, alvo de críticas da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da força-tarefa da Lava Jato no Rio, que alegam que o delator não apresentou fatos novos.

O acordo foi validado pelo Supremo por envolver autoridades com prerrogativa de foro privilegiado, como políticos e ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e do TCU (Tribunal de Contas da União).

Em nota divulgada pelo STF, Toffoli disse "não ter conhecimento dos fatos mencionados e disse que jamais recebeu os supostos valores ilegais". O ministro também refutou a possibilidade de ter atuado para favorecer qualquer pessoa no exercício de suas funções. O gabinete de Fachin não se manifestou.

*Com Estadão Conteúdo