Governo demorou a perceber seriedade da pandemia, diz Marco Aurélio
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello disse que os gestores públicos "custaram a entender a seriedade" da pandemia do novo coronavírus. Prestes a se aposentar, em julho, ele ainda afirmou que "não morrerá de tédio".
"Custamos, em termos de Administração Pública, principalmente de poder central, a perceber a seriedade da pandemia. Sim, os governos deveriam ter sido mais céleres nas decisões. Observa-se o que ocorreu em outros países, como a Inglaterra, em que medidas foram adotadas", afirmou em entrevista ao jornal Correio Braziliense.
Para o ministro, "a ficha do brasileiro" sobre a covid-19 também "demorou muito a cair". "Constatamos, nessa fase difícil, que às vezes é preciso haver, inclusive, a atuação da polícia repressiva — a militar — para terminar com aglomerações de toda ordem. Isso é preocupante", disse.
Desde o início da pandemia o país soma mais de 435 mil mortes em decorrência da covid-19.
Mello se aposenta da Corte em 5 de julho, uma semana antes do limite para a aposentadoria compulsória, quando completará 75 anos. Sobre os seus 31 anos no Supremo, ele afirmou: "Não morrerei de tédio. O crescimento é infindável".
"Magistratura é opção de vida, e é preciso atuar sempre buscando o melhor, procurando conciliar o trinômio lei, direito e justiça, visando a entrega da prestação jurisdicional a tempo e modo. Sou homem realizado e sempre me senti um servidor de meus semelhantes", completou.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda não confirmou o nome do substituto de Mello, mas afirmou já ter opções. Segundo ele, indicará alguém "terrivelmente evangélico".
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