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ACM Neto: 'Não serei vice de ninguém, nem de Bolsonaro'

Ana Carla Bermúdez

Colaboração para o UOL

18/05/2021 10h55

O presidente nacional do Democratas, ACM Neto, declarou hoje em participação ao UOL Entrevista que não será candidato a vice do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nem de qualquer outro político nas eleições de 2022.

"Já disse a todo mundo que eu não serei vice de ninguém, nem de Bolsonaro. Meu foco é construir, na hora certa, uma candidatura ao governo do estado Bahia. Eu só tenho no horizonte essa opção", afirmou na entrevista, conduzida pelo colunista do UOL Tales Faria.

Com a afirmação, ACM Neto rebateu uma declaração dada pelo ex-presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que o classificou como potencial candidato a vice de Bolsonaro nas eleições do ano que vem.

O presidente do Democratas afirmou que Maia "virou comentarista de política" e "às vezes fala coisas completamente inconsequentes". Os dois estão rompidos desde o início deste ano, quando parte do DEM resolveu apoiar Arthur Lira (PP-AL), e não Baleia Rossi (MDB-SP), para ocupar a presidência da Câmara após a saída de Maia.

Expulsão de Maia do DEM

Na sexta-feira (14), o ex-presidente da Câmara foi às redes sociais para fazer uma série de ofensas a ACM Neto. O presidente do Democratas havia criticado a filiação do vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia —que, até então, fazia parte do DEM— ao PSDB.

No Twitter, Maia rebateu e chamou ACM Neto de "oportunista". Já no Instagram, o ex-presidente da Câmara o chamou de "malandro baiano" e disse que "este baixinho não tem caráter".

No UOL Entrevista, ACM Neto lamentou as ofensas e as classificou como sendo "de um desequilíbrio incompatível com a boa política".

Ainda na sexta, a bancada do DEM na Câmara decidiu pedir a expulsão de Maia do partido. Neto disse que, como presidente da sigla, resolveu dar seguimento ao pedido de expulsão, mas afirmou que não influenciará a condução do processo.

"Eu não tenho nenhum ânimo persecutório, apesar de todas as ofensas e agressões. Não vou usar minha função de presidente do partido para me vingar de ninguém", afirmou.

Doria fica isolado e não deve ter apoio do DEM

Para ACM Neto, a movimentação realizada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que atuou na migração de Garcia para o PSDB, o deixa isolado e sem o apoio do DEM a uma eventual candidatura do tucano para a Presidência em 2022.

"Não vamos comprometer essa relação de amizade histórica dos dois partidos. Mas o que nesse momento está obstruído é o diálogo com o Doria", disse ACM Neto.

Se você me perguntar: vão deixar de conversar com o PSDB? De maneira alguma. Porém, hoje, está descartado o apoio a uma eventual candidatura de Doria à Presidência da República.
ACM Neto no UOL Entrevista

O ex-prefeito de Salvador ressaltou que, apesar do desentendimento com Doria, o diálogo entre os dois partidos, DEM e PSDB, não deve ser prejudicado. "A relação dos partidos é muito boa, histórica, de longa data. Estivemos junto governando o Brasil, governando estados importantes desse país", afirmou.

Aceno a Alckmin

Em um gesto de aceno ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), ACM Neto fez uma série de elogios a ele e disse que "qualquer partido" gostaria de ter um quadro da "dimensão" do tucano. Nos últimos dias, segundo o jornal Folha de S. Paulo, Alckmin avisou a aliados que pretende deixar o partido.

"Há um comentário muito ventilado nos últimos dias quanto à possibilidade da vinda de Alckmin para o Democratas. Evidentemente, qualquer partido gostaria de ter um quadro da dimensão de Alckmin. Mas, por enquanto, isso é uma especulação", afirmou ACM Neto.

O presidente do DEM, no entanto, evitou falar de forma mais objetiva sobre o assunto. "Não gosto e não quero estar especulando sobre isso sem que haja uma base concreta", declarou.