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Secretária de combate à covid deixa governo após uma semana no cargo

Do UOL, em Brasília*

22/05/2021 17h53

O Ministério da Saúde informou hoje que a médica infectologista Luana Araújo deixou o cargo de secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19. A profissional, que havia assumido a função em 12 de maio, durou pouco mais de uma semana no cargo.

Segundo informações da revista Veja, Luana não aceitou condições estabelecidas pelo Palácio do Planalto em relação ao combate à pandemia. Por esse motivo, teria pedido demissão ao ministro Marcelo Queiroga. O ministério não confirmou se a médica solicitou ou não a sua saída.

O perfil de Luana é considerado "técnico" e "pautado na ciência", de acordo com observações feitas por integrantes da pasta antes de sua nomeação. Ao confirmar a saída dela do cargo, o ministério informou que busca uma reposição com as mesmas características.

"O Ministério da Saúde informa que a médica infectologista Luana Araújo, anunciada para o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, não exercerá a função. A pasta busca por outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas."

De acordo com reportagem do jornal Estado de S.Paulo, Luana é defensora da vacinação em massa e já declarou ser favorável a medidas restritivas e contra o "kit covid", mesmo para pacientes com sintomas leves.

A infectologista afirmou também que "todos os estudos sérios" demonstram a ineficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina —medicamentos dos quais o presidente da República é entusiasta— e que a ivermectina é "fruto da arrogância brasileira" e "mal funciona para piolho".

Divergências entre o Palácio do Planalto e o comando técnico do Ministério da Saúde são recorrentes desde que o coronavírus começou a se espalhar pelo país, entre fevereiro e março do ano passado. O impasse já levou, inclusive, a queda de ministros, como os ex-titulares do cargo Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.

Em depoimento à CPI da Covid, no Senado Federal, Queiroga afirmou contar com total autonomia para liderar o ministério e não receber pressões de Bolsonaro e da cúpula do governo.

Após a confirmação do recuo da médica, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente da CPI, solicitou a convocação de Luana "para que seja possível esclarecer as razões que a levaram a pedir exoneração do cargo de secretária de enfrentamento à covid no Ministério da Saúde após apenas uma semana de trabalho".

Críticas

O decreto que criou a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid foi publicado em 10 de maio.

Dois dias depois, em evento em Brasília, o ministro Marcelo Queiroga anunciou a médica como a chefe do órgão. O governo foi criticado por montar uma secretaria específica para combater a covid-19 na estrutura do ministério 15 meses após o primeiro caso da doença no Brasil.

*Com informações do Estadão Conteúdo