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Médica pró-cloroquina é próxima na CPI; veja previsão de novos depoimentos

A médica pró-cloroquina Nise Yamaguchi será a próxima a depor à CPI da Covid - Reprodução/YouTube
A médica pró-cloroquina Nise Yamaguchi será a próxima a depor à CPI da Covid Imagem: Reprodução/YouTube

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

28/05/2021 04h00Atualizada em 28/05/2021 10h10

A CPI da Covid ouvirá médicos, pesquisadores, representantes de laboratórios, governadores e ex-assessores do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello ao longo de junho, segundo calendário preliminar estabelecido.

O próximo depoimento marcado é o da médica oncologista e imunologista pró-cloroquina Nise Yamaguchi. Sua oitiva aos senadores será na terça-feira (1º), a partir das 9h.

O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, afirmou à CPI que Nise parecia "mobilizada" com a possibilidade de mudar a bula da cloroquina para que o uso do remédio contra a covid-19 passasse a constar no papel, embora não haja evidências científicas de sua eficácia para a doença até o momento.

A sugestão foi discutida e rechaçada em reunião no Palácio do Planalto, disse.

A intenção da Comissão Parlamentar de Inquérito nessa próxima semana é promover uma espécie de debate entre profissionais que defendem e que criticam o uso da cloroquina no tratamento da covid-19.

O assunto tem sido um dos focos dos senadores pelo fato de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ser defensor assíduo da cloroquina, o Exército ter aumentado a produção do remédio e o Ministério da Saúde ter recomendado seu uso na pandemia.

Os demais depoimentos ainda não estão confirmados, mas, a previsão é que, na quarta (2), falem à CPI o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clovis Arns da Cunha, a presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Zeliete Zambon, o especialista em Infectologia pelo Hospital Emílio Ribas Francisco Eduardo Cardoso Alves, e o neurocirurgião Paulo Porto de Melo.

A CPI da Covid foi instalada há um mês e busca apurar ações e eventuais omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no Brasil, assim como apurar o uso de verbas da União repassadas a estados e municípios.

O prazo da CPI é de 90 dias, que pode ser prorrogado.

Até o momento, a comissão ouviu dez pessoas: Antonio Barra Torrres, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten, o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.

Último a depor, Dimas contradisse Pazuello ontem e culpou o presidente Jair Bolsonaro pelo atraso nas negociações da compra da vacina CoronaVac pelo governo federal.

Na quarta-feira, a CPI aprovou a reconvocação de Queiroga e de seu antecessor, o general Eduardo Pazuello, durante reunião marcada por brigas entre senadores e tentativa de acordo frustrada. A comissão também deliberou a convocação de nove governadores em exercício do mandato e do ex-governador do Rio Wilson Witzel.

Apesar da convocação, os governadores estudam se unir e entrar com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para evitar os depoimentos. Eles argumentam que a Constituição e o regimento interno do Senado impedem a convocação de governadores e prefeitos.

Antes, buscam uma alternativa com os membros da CPI contrários à presença deles na comissão.

"Dependemos do sinal verde dos procuradores e se tem alternativa de alteração pela própria CPI, que através de seus membros já reconhecem o aspecto ilegal da decisão", afirmou um governador convocado, sob reserva.

Veja a previsão dos demais depoimentos de junho (o cronograma pode sofrer alterações):

  • Terça (8): Nísia Trindade, presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz);
  • Quarta (9): Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde sob comando de Pazuello;
  • Quinta (10): Markinhos Show, ex-assessor de Pazuello;
  • Sexta (11): Cláudio Maierovitch, sanitarista, e Nathália Pasternak, microbiologista e pesquisadora da USP;
  • Terça (15): Marcellus Campêlo, secretário de Saúde do Amazonas;
  • Quarta (16): Wilson Witzel, ex-governador do Rio de Janeiro;
  • Quinta (17): Carlos Wizard, empresário;
  • Terça (22): Filipe Martins, assessor para assuntos internacionais da Presidência da República;
  • Quarta (23): Presidente do Instituto Gamaleya (responsável pelo desenvolvimento da vacina russa Sputnik V);
  • Quinta (24): Jurema Werneck, representante do Movimento Alerta;
  • Terça (29): Wilson Lima, governador do Amazonas;
  • Quarta (30): Helder Barbalho, governador do Pará.

Para 1º de julho, está previsto o depoimento do governador do Piauí, Wellington Dias.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.