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Bolsonaro vira alvo de panelaço durante pronunciamento sobre vacinas

Do UOL, em São Paulo

02/06/2021 20h45

Pressionado pelo número de mortes em decorrência da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) virou alvo de manifestações durante pronunciamento que fez em cadeia de rádio e TV, na noite de hoje, para falar sobre o processo de vacinação no Brasil.

Foram registrados panelaços em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife (PE), Maceió (AL), Vitória (ES) e João Pessoa (PB). Buzinaço, xingamentos e gritos de "Fora, Bolsonaro" e "Bolsonaro, genocida" também foram ouvidos durante o discurso do presidente, que durou cerca de cinco minutos.

Na capital paulista, manifestações ocorreram em bairros como Butantã, Barra Funda, Itaim Paulista, Bela Vista, Higienópolis, Santo Amaro e Tatuapé. No Rio, Copacabana, Ipanema, Leblon, Leme, Botafogo, Flamengo, Glória, Cosme Velho, Laranjeiras, Santa Teresa, Tijuca, Grajaú e Riachuelo, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes, registraram panelaços. Em Niterói, na Região Metropolitana, também houve.

Rio: Bate-boca entre apoiadores e críticos

Na rua Rodolfo Dantas, em Copacabana, na zona sul, ao final do pronunciamento e do panelaço, um morador executou em alto volume a "Canção do Exército" e foi intensamente vaiado. Em Botafogo, em meio ao panelaço uma mulher chamava os manifestantes de "maconheiros".

Nas redes sociais, a hashtag "panelaço" virou um dos assuntos mais comentados no Twitter. A imagem com o termo "Fora, Bozo" (apelido jocoso que faz referência ao presidente) espelhado em um prédio da região central de São Paulo também foi replicada por pessoas contrárias ao governo de Bolsonaro.

"O Brasil inteiro com #panelaço! O povo brasileiro não aceita as mentiras e crimes de Bolsonaro", escreveu Ciro Gomes, virtual adversário de Bolsonaro nas eleições do ano que vem.

Outros virtuais candidatos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o tucano João Doria (PSDB) e o empresário João Amoêdo (Novo) não haviam se manifestado até a última atualização deste texto.

No pronunciamento, Bolsonaro disse que todos os brasileiros "que assim desejarem" serão vacinados contra a covid-19 até o fim do ano.

"Neste ano, todos os brasileiros que assim o desejarem serão vacinados, vacinas estas que foram aprovadas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Ontem assinamos acordo de transferência de tecnologia para a produção de vacinas no Brasil entre a AstraZeneca e a Fiocruz [Fundação Oswaldo Cruz]. Com isso, passamos a integrar a elite de apenas cinco países que produzem vacina contra a covid-19 no mundo", afirmou. (Leia o pronunciamento, na íntegra, abaixo)

Nesta quarta-feira, o Brasil registrou 2.390 novas mortes em decorrência da covid-19 —ao todo, o país contabiliza 467.702 óbitos desde o início da pandemia. Os dados são obtidos pelo consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte, junto às secretarias estaduais de saúde.

Em relação à vacinação, 47.026.256 pessoas receberam pelo menos uma dose de imunizante contra a doença, o que representa 22,21% da população do país, segundo o consórcio de veículos de imprensa. Especialistas dizem que, para controlar a pandemia, seria preciso vacinar ao menos 75% do público-alvo.

Bolsonaro está atrás nas pesquisas...

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu 18 pontos de frente no primeiro turno (41 a 23) e 23 pontos no segundo (55 a 32), segundo levantamento feito pelo Datafolha, em maio.

O índice de rejeição ao governo de Bolsonaro também vem crescendo, de acordo com o Datafolha.

Se não bastante a crescente pressão, no último fim de semana, atos contra Bolsonaro também foram realizados em todos os estados. Em São Paulo, ao menos onze quarteirões da Avenida Paulista foram ocupados por manifestantes insatisfeitos com a política adotada por Bolsonaro para enfrentamento da pandemia.

Leia a íntegra do pronunciamento de Bolsonaro

Boa noite,

Sinto profundamente cada vida perdida em nosso país.

Hoje alcançamos a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios.

O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta.

Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa.

Ontem, assinamos acordo de transferência de tecnologia para a produção de vacinas no Brasil entre a AstraZeneca e a Fiocruz.

Com isso, passamos a integrar a elite de apenas cinco países que produzem vacina contra a covid no mundo.

O nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais.

Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea.

Destinamos, em 2020, R$ 320 bilhões para o auxilio emergencial para atender aos mais humildes.

Esse montante equivale a mais de 10 anos de Bolsa Família. E mais de R$ 190 bilhões para ajudar estados e municípios.

Alguns setores como bares e restaurantes, turismo, entre outros, em grande parte foram socorridos pelo nosso governo por meio do Pronampe (Programa Nacional de Apoio as Microempresas e Empresas de pequeno porte.)

Hoje mesmo sancionamos a nova lei do Pronampe, agora permanente, que pode destinar a vários setores até R$ 25 bilhões, onde 20% será destinado ao setor de eventos.

Terminamos 2020 com mais empregos formais que 2019. Somente nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil criou mais de 900 mil novos empregos.

O PIB projetado para 2021 prevê um crescimento da economia superior a 4%.

Só no 1º trimestre deste ano, a economia mostrou seu vigor, estando entre os países do mundo que mais cresceram.

Com o Congresso Nacional estamos avançando, aprovamos:

- A nova lei do gás;

- O marco legal do saneamento;

- A MP da Liberdade Econômica;

- O Banco Central independente; e

- E o novo marco fiscal.

Realizamos leilões de rodovias, portos e aeroportos.

Levamos internet para mais de 8 milhões de brasileiros em grande parte para as regiões Norte e Nordeste.

Ontem, a Bolsa de Valores bateu recorde histórico, a moeda brasileira se fortalece, e estamos avançando no difícil processo de privatizações.

A Ceagesp sob um comando honesto e responsável apresentou, além de lucro, um ambiente salutar entre os permissionários e funcionários.

Essa companhia socorreu nossos irmãos de Aparecida e Araraquara, entre outras cidades do interior de São Paulo, doando dezenas de toneladas de alimentos.

As estatais, no passado, davam prejuízo de dezenas de bilhões de reais devido à corrupção sistêmica e generalizada. Hoje são lucrativas.

Nos dois primeiros anos do nosso governo, a Caixa Econômica Federal bateu recorde de lucro mesmo reduzindo os juros do cheque especial, da casa própria, das micros e pequenas empresas e dos empréstimos às Santas Casas.

Estamos avançando na transposição do rio São Francisco, levando água para todo o Nordeste.

Na infraestrutura, o nosso governo tem construído pontes, duplicado rodovias, terminando obras paradas há décadas, como a BR-163 no Pará.

Ainda neste ano, será concluída a Ferrovia Norte-Sul, que ligará o Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Porto de Santos, em São Paulo, é a retomada do modal ferroviário no Brasil.

Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América.

O nosso governo joga dentro das 4 linhas da Constituição, considera o direto de ir e vir, o direito ao trabalho e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis.

Todos os nossos 22 ministros consideram o bem maior de nosso povo a sua liberdade.

Que Deus abençoe o nosso Brasil.