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CPI: Ex-secretária lista vacina, teste e combate a desinformação como saída

A médica infectologista Luana Araújo durante depoimento na CPI da Covid, no Senado - Jefferson Rudy/Jefferson Rudy/Ag?ncia Senado
A médica infectologista Luana Araújo durante depoimento na CPI da Covid, no Senado Imagem: Jefferson Rudy/Jefferson Rudy/Ag?ncia Senado

Do UOL, em São Paulo

02/06/2021 17h41Atualizada em 02/06/2021 18h11

Ao final de horas de depoimento à CPI da Covid, a médica infectologista Luana Araújo listou vacina, teste e combate a desinformação como medidas essenciais para enfrentamento da pandemia do coronavírus, mas também como preparação para possíveis novas epidemias.

A gente tem falado muito nessa pandemia, mas a gente precisa se preparar para as próximas. A gente não falou sobre isso ainda. Tudo o que fizermos agora vira fundação pros próximos desafios de doenças infecciosas que a gente há de enfrentar. Então sim, faltam equipes técnicas, faltam gestões profissionalizadas da saúde, faltam profissionais de saúde pública em todas as instâncias, faltam infectologistas em todas as instâncias. A gente tem um longo caminho a percorrer.
Luana Araújo

Como profissional de saúde, afirmou, é essencial tentar "achar soluções para essa pessoa, essa pessoa que precisa sair de casa todos os dias de manhã, porque a comida dela depende daquele dia".

Por isso a insistência na testagem. Por isso a insistência na vigilância. Por isso a insistência na distribuição de máscaras, na readequação da mobilidade. Existem muitas estratégias que podem ser utilizadas para proteger essa pessoa, que não tem outra opção que não sair de casa. [...] A testagem em massa é um dos pilares da resposta à pandemia, da resposta eficaz à pandemia."
Luana Araújo

Luana Araújo foi convidada a depor na comissão depois de deixar o cargo na subpasta do Ministério da Saúde, em 22 de maio deste ano, dez dias após o anúncio da nomeação.

Segundo ela, é difícil calcular que tipo de planejamento ou preparo, medicamentoso inclusive, poderia ter reduzido os índices da pandemia. "Para que a gente tenha a autonomia necessária para aumentar esses estoques de forma um pouco mais ágil, a gente também precisa do desenvolvimento de um parque tecnológico de saúde nosso. A coisa é muito mais ampla. Mas sim, claro que o apoio de uma coordenação central é importante, ela deve existir. Principalmente agora, quando já passamos por muitas coisas", explicou.

E prosseguiu: "Toda situação que contribui para a circulação livre e desimpedida do vírus ao redor do mundo são facilitadoras desse tipo de emergência de variantes. Eu me refiro à dificuldade que todos os países estão enfrentando, — e isso precisa ser deixado claro, principalmente os países não produtores de vacina — em vacinar sua população de forma efetiva e rápida. Toda vez que a gente deixa isso acontecer o vírus ganha e está na nossa frente."

É importante também lembrar que a vacinação, embora fundamental, não é a única estratégia que temos para essa contenção. Se a gente fizer uso das medidas não farmacológicas a gente já ajuda a reduzir a circulação viral, e portanto a chance, o risco de emergência de novas variantes.
Luana Araújo

Na CPI, a médica foi questionada a respeito dos motivos de sua saída e sobre a convivência com outras áreas do governo federal, em especial o Palácio do Planalto. Ela exerceu a função apenas informalmente entre 12 e 22 de maio. A saída ocorreu antes que o nome dela fosse publicado em ato no Diário Oficial da União.

Informação correta também é medicação. Esse não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas, infelizmente, a gente também percebe a sua força por aqui. Esse é um esforço meu, mas não só meu, dos meus colegas infectologistas, da Sociedade Brasileira de Infectologia, das instituições de ciência sérias: disseminação de informação correta. A única coisa que é preciso é a gente começar a remar na mesma direção."
Luana Araújo

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.