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"A mim me dói", diz ex-secretária à CPI da Covid sobre falas de Bolsonaro

Andréia Martins e Harrikson de Andrade*

Do UOL, em São Paulo

02/06/2021 13h42Atualizada em 02/06/2021 15h13

A médica e infectologista Luana Araújo disse que "falta informação de qualidade" ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após ouvir frases antigas dele desqualificando a gravidade da pandemia e as vacinas na sessão da CPI da Covid no Senado.

A mim, como médica, infectologista, epidemiologista, educadora em saúde, isso me suscita a ideia de que eu preciso trabalhar mais, de que eu preciso informar melhor as pessoas. Me parece que falta informação de qualidade. Que na hora que você tem uma informação de qualidade e passa uma informação que a pessoa pode compreender, não é mais esse tipo de comportamento que a gente espera que aconteça. A mim me dói."
Luana Araújo

Entre as frases apresentadas em um vídeo pedido pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede), o presidente Bolsonaro diz frases como "eu não sou coveiro", "lamento, quer que eu faça o que? Sou Messias, mas não faço milagre" (a respeito das mortes por covid-19 no Brasil), "quem é de direita toma cloroquina, que é de esquerda toma tubaína", "tem que deixar de ser um país de maricas" (sobre as vacinas), "vírus potencializando pela mídia", entre outras.

"Compreendo que existam consequências por algumas políticas públicas, (...) mas não é possível ouvir uma declaração ou um conjunto de declarações de quem quer que seja, não estou personalizando na figura do presidente, sem sofrer um impacto quase que emocional, além do racional, que a gente trabalha o dia inteiro, tendo que ver isso", disse a médica, sem fazer críticas diretas ao presidente.

Luana foi ouvida hoje na CPI da Covid após ter sido indicada para a Secretaria de Enfrentamento da Covid-19 do Ministério da Saúde pelo ministro Marcelo Queiroga. No entanto, dez dias depois ela deixou o cargo. A comissão apura os motivos que a levaram a deixar o cargo e as ações de enfrentamento da pandemia adotadas pela pasta.

*Com colaboração de Ana Carla Bermudez

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.