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Senadores repercutem ausência de Wilson Lima na CPI: 'Ato de covardia'

Governador Wilson Lima (PSC) não participará de sessão da CPI da Covid - Sandro Pereira/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Governador Wilson Lima (PSC) não participará de sessão da CPI da Covid Imagem: Sandro Pereira/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

10/06/2021 09h09Atualizada em 10/06/2021 18h57

Senadores repercutiram hoje a ausência do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), na CPI da Covid. A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Rosa Weber concedeu um habeas corpus ontem que desobriga Lima a participar da sessão. Ao UOL, o advogado do governador confirmou que ele não vai comparecer.

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) classificou a ausência de Lima como um ato de covardia. "Nós recebemos [a decisão] com muita surpresa. Mais uma vez o Senado Federal se sente usurpado de suas prerrogativas constitucionais mesmo porque um dos fatos determinados para a abertura da CPI foi a investigação do caos do oxigênio, da saúde, durante a pandemia no estado do Amazonas", afirmou a parlamentar à GloboNews.

O próprio Wilson Lima teria o direito de ficar calado em certas perguntas, achei que foi um ato de covardia ele não ter comparecido porque ele poderia apontar possíveis erros, possíveis responsáveis. Seria uma grande oportunidade para ele esclarecer."
Soraya Thronicke comenta ausência de governador Wilson Lima na CPI da Covid

Em sua conta no Twitter, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) disse respeitar a decisão do Supremo, mas lamentou "que o povo do Amazonas não tenha oportunidade de ouvir as explicações do governador".

Já o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) escreveu que a notícia "era muito previsível".

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) avaliou que a medida do Supremo é didática como a expressão "cada macaco no seu galho". Na opinião do parlamentar, cabe às assembleias abrir CPIs para investigar seus governadores e demais autoridades estaduais.

"É razoável investigar 5.565 prefeitos, 27 governadores Brasil afora? Não se trata de ser leniente com o Governador do AM, que, inclusive, já está denunciado e terá o que merece na Justiça, graças ao célere (e seletivo) trabalho da PGR. Uma CPI federal deve priorizar o que a PGR ignora solenemente: a omissão criminosa do Governo Federal", escreveu ele.

"O governador Wilson Lima não vai comparecer à CPI da Covid. Acuado, recorreu ao STF e a ministra Rosa Weber decidiu que, como o governador é investigado por envolvimento em desvio de verbas destinadas à Covid, tem direito de não dar respostas que possam incriminá-lo. Lamentável! A decisão, contudo, afeta unicamente o governador do Amazonas Wilson Lima, pela natureza das investigações. Demais governadores continuam convocados. Espero que eles possam comparecer à CPI para prestar esclarecimentos importantes. Se não deve, não há o que temer!", escreveu o senador Marcos Rogério (DEM-RO).

Em entrevista à CNN, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), suplente da CPI, avaliou que a ausência de Lima não deve interferir nos trabalhos da comissão.

"É ruim porque nós precisávamos ter a presença de um governador que governa um estado que foi epicentro da pandemia por duas vezes, mas isso não vai atrapalhar as conclusões nem os trabalhos da CPI. Na semana que vem, deve vir o ex-secretário de Saúde do estado do Amazonas, (Marcellus) Campêlo, que deve prestar esclarecimento na condição de testemunha", disse o parlamentar.

Carvalho disse ainda que deve apresentar um requerimento convidando os presidentes de consórcios de governadores de todas as regiões do país para prestar esclarecimentos.

Também à emissora, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) avaliou que Lima poderia ter comparecido à sessão mesmo com o habeas corpus.

"Isso pegou mal, acho que o governador poderia ter vindo mesmo com esse habeas corpus como fez o (Eduardo) Pazuello (ex-ministro da Saúde), para dar os esclarecimentos, responder a todas as perguntas, mas ele exclui o debate. Eu passei dois dias trabalhando, pesquisando sobre o que aconteceu no Amazonas e hoje o trabalho da gente vai por água abaixo por uma decisão do Supremo Tribunal Federal", afirmou.

Outro que conversou com a CNN Brasil foi o senador governista Jorginho Melo (PL-SC), que é um dos membros da CPI da Covid. Para Jorginho, a ausência de Lima abre precedente para que outros governadores sigam o mesmo caminho.

Isso abre a porteira. Eu não tenho dúvida que agora todos os outros governadores vão recorrer a justiça, como já recorreram, para não vir. Começam a se esconder e quem se esconde é porque não tem algo que pode apresentar, que não pode defender".

Jorginho Melo sobre autorizações judiciais para não que governadores não compareçam à CPI.

Melo também alfinetou o Supremo dizendo que a corte determinou a abertura da CPI e agora "diz quem pode vir ou não pode". Ele ainda afirmou que se outros governadores se recusarem a comparecer à comissão, os secretários estaduais de Saúde devem ser convocados.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.