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Em evento, Bolsonaro ordena que Guedes consiga recursos para voto auditável

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o voto impresso em evento no DF - Isac Nóbrega/PR
O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o voto impresso em evento no DF Imagem: Isac Nóbrega/PR

Lucas Valença

Do UOL, em Brasília

22/06/2021 18h27Atualizada em 22/06/2021 19h18

Em evento de lançamento do Plano Safra 2021/2022, que prevê crédito ao agronegócio, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o voto impresso e disse que, "pela primeira vez", o ministro da Economia, Paulo Guedes, irá cumprir uma ordem sua.

"Você vai arranjar recursos para que o voto auditável seja uma realidade em 2022", discursou Bolsonaro para o público — Guedes estava próximo a ele.

Bolsonaro tem feito a defesa da adoção do voto eletrônico com impressão de cédulas, apesar de nunca ter havido qualquer tipo de fraude comprovada nas urnas eletrônicas em mais de 20 anos de uso no país.

Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve nenhuma comprovação de fraude nas eleições. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos matemáticos e estatísticos independentes.

Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou "votação paralela"). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.

Maior desmatamento em dez anos

O presidente também classificou como "mentira" a acusação de que o governo tem sido omisso no combate às queimadas na Amazônia. Ele enfatizou que o Brasil é o país "que mais preserva" o meio ambiente.

"Não adianta falar que nós queimamos a Amazônia, que é uma mentira deslavada. Todos já sabemos que a floresta úmida não pega fogo", disse.

Conforme o UOL publicou, o desmatamento na Amazônia foi o maior em dez anos pelo terceiro mês consecutivo, de acordo com dados do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), que faz o monitoramento da região por satélite.

Elogios a Salles, que é investigado

Ao elogiar a atuação do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, o presidente criticou a atuação de integrantes do Judiciário.

"Parabéns. Não é fácil ocupar o seu ministério. Por vezes a herança fica apenas uma penca de processos. A gente lamenta como, por vezes, somos tratados, por alguns poucos, desse outro Poder, que é muito importante para todos nós", declarou, sem citar o STF (Supremo Tribunal Federal).

Autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, investigação da PF (Polícia Federal) apura se Salles atuou para afrouxar o controle do Ibama sobre a exportação de madeira. Segundo as investigações, ele reuniu-se em março do ano passado com um grupo de madeireiros no Pará que vinham tendo cargas de madeira retidas em portos no exterior por falta da autorização do Ibama.

A Operação Akuanduba executou buscas e apreensões nos endereços de Salles e de outros 21 investigados, entre servidores do ministério, dirigentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e empresários do ramo madeireiro.

O ministro do Meio Ambiente também é alvo de outro inquérito, autorizado pela ministra Cármen Lúcia no início deste mês. Trata-se da Operação Handroanthus, também da PF, que apura a suposta prática de crimes com o objetivo de dificultar a fiscalização ambiental e impedir investigação que envolva organização criminosa, além de suposto crime de advocacia administrativa

Ao encerrar o discurso, Bolsonaro também voltou a falar das eleições de 2022 e enfatizou que irá "tocar o barco para frente, que a vitória é nossa".

Recursos a pequenos agricultores

A ministra da Agricultura Tereza Cristina afirmou que o Plano Safra 2021/2022 "dá condições para manter agronegócio como o setor mais dinâmico da economia". Segundo ela, os recursos serão disponibilizados àqueles que "mais precisam de apoio".

A ministra também disse que, até o fim de 2022, mais de 450 mil títulos de posse de terras serão entregues a pequenos agricultores em todo o país.

Ao defender a produção do agronegócio, Tereza Cristina também disse que é possível conciliar o agronegócio com o meio ambiente.

"O Brasil é uma potência agroambiental e ninguém tem dúvida disso. Temos a responsabilidade de mostrar ao mundo que produzir e conservar podem andar juntos", disse.

Segundo o governo, a União deverá disponibilizar R$ 251,2 bilhões para custeio e investimento na agricultura brasileira. O valor representa um aumento de R$ 14,9 bilhões com relação ao plano passado.

O evento também contou com a presença do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do ministro Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil)