Renan na CPI sobre Covaxin: "não foram omissões, foram ações deliberadas"
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, disse hoje que a comissão deve "evoluir para o patamar seguinte", em referência às investigações sobre a aquisição da vacina indiana Covaxin. O imunizante está no epicentro de uma polêmica que envolve suposta pressão do Ministério da Saúde do governo Jair Bolsonaro (sem partido) em favor de sua compra.
Não se trata de omissões, são ações deliberadas
Renan Calheiros, relator da CPI da Covid
A aquisição da Covaxin foi intermediada pela Precisa Medicamentos, cujo sócio-administrador, Francisco Emerson Maximiano, faltou à sessão de hoje após alegar estar em quarentena obrigatória após visita à Índia.
Renan comentava alegações do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que, ironizando, disse "que foi tudo mera coincidência [?], a edição da MP [Medida Provisória 1.026 sem cláusula de garantia e seguro, o que teria dificultado a compra das vacinas da Pfizer e da Janssen] no dia 6 [de janeiro de 2021], a presença do representante da Precisa, dia 6 e dia 7, em Nova Delhi, na Índia, e o presidente da República ligar para o primeiro-ministro da Índia entre o dia 7 e o dia 8".
"O pior de tudo [?] é que nós estávamos tratando essa investigação como se fosse um mero caso de omissão, mas precisamos evoluir para o patamar seguinte", respondeu Renan. "Foram ações deliberadas - deliberadas. Não se trata de omissão, são ações deliberadas".
Próximos depoimentos
A CPI aprovou a requisição de depoimento de Luis Ricardo Fernandes Miranda, diretor do Ministério da Saúde responsável pela importação da Coviaxin. "[Ele] vai poder, nesta comissão, esclarecer muitos aspectos do enfrentamento à pandemia", disse Renan na sessão de hoje. O irmão de Miranda, o deputado federal Luis Claudio Miranda (DEM-DF), também comparecerá à CPI.
"O irmão vem em solidariedade, porque levou o diretor [Luis Ricardo] a uma conversa com [Bolsonaro] para adverti-lo do que significava essa operação, [sem saber] que o próprio presidente da República estava diretamente envolvido, porque já tinha mandado mensagem, já tinha telefonado ao primeiro-ministro da Índia", sugeriu Renan.
A alegação provocou reações do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). "Isso é uma ilação sobre o posicionamento do presidente da República, vossa excelência tem o direito de esclarecer todos os fatos, mas, como relator, não pode prejulgar o posicionamento do presidente", disse Bezerra.
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