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CPI da Covid: veja frases do empresário Carlos Wizard no Senado

Do UOL, em São Paulo

30/06/2021 12h00Atualizada em 30/06/2021 12h06

O empresário Carlos Wizard, que colaborou informalmente para o governo federal em meio à pandemia do novo coronavírus e é apontado como um dos membros do "gabinete paralelo" do Ministério da Saúde, participa hoje da CPI da Covid

Ao chegar à comissão na manhã de hoje, o empresário segurava um cartaz com um versículo bíblico — Isaias 41:10 —, que diz: "Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa".

De início, o depoimento de Wizard estava agendado para 17 de junho, mas ele afirmou que estava nos Estados Unidos e não compareceu. Em razão da ausência, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), solicitou a retenção do passaporte do empresário.

Wizard entregou o documento à PF (Polícia Federal) ao chegar ao Brasil e, nos últimos dias, vinha mantendo conversas reservadas com os parlamentares para acertar a data da audiência.

Como Wizard é obrigado a prestar depoimento, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luis Roberto Barroso chegou a autorizar, a pedido da CPI, a condução coercitiva do empresário. A decisão, no entanto, foi revogada.

Veja frases de Carlos Wizard na CPI da Covid:


Gabinete paralelo


A minha disposição de servir o país combatendo a pandemia e salvar vidas faz com que seja acusado de pertencer a um suposto gabinete paralelo. Afirmo aos senhores, com toda a veemência, que jamais tomei conhecimento de qualquer governo paralelo. Se porventura esse suposto gabinete paralelo existiu, eu jamais tomei conhecimento e tenho qualquer informação a esse respeito. Jamais fui convidado, abordado, convocado para participar de qualquer gabinete paralelo. E essa é a mais pura expressão da verdade.

Reuniões privadas

Jamais, em tempo algum, nunca participei de uma única sessão em privado. Nem uma reunião em privado, nem um momento particular com o presidente da República. Participei sim de eventos públicos onde ele estava presente. Então, fica evidente que jamais tive qualquer influência, seja no pensamento do presidente ou de qualquer outro suposto gabinete paralelo.

Viagem aos EUA

Como se isso não bastasse. Tenho também minha filha que mora nos Estados Unidos e está grávida e enfrentando gravidez de risco. Terá seu bebezinho nos próximos dias, meu neto de número 19. Pergunto a vocês, se sua filha estivesse prestes a dar à luz, estaria ausente ou presente?


Pazuello e passagens bíblicas

Gostaria de compartilhar como conheci Pazuello. Em agosto de 2018, eu e minha esposa e meus dois filhos, um de 18 e outro de 20 anos, ambos solteiros, inspirados por duas passagens bíblicas, tomamos uma decisão radical na nossa vida. Primeira passagem, Josué 24:15: 'Eu em minha casa serviremos ao senhor'. Passagem número 2, do novo testamento, Romanos 1:16: 'Não me envergonho do evangelho de Jesus Cristo', pois ele é o poder para salvação para todo aquele que nele cresce. Tanto do Judeu como no grego.

Baseado nestas duas escrituras da Bíblia, a família Martins, imbuída do espírito de servir, tomou a decisão de ser uma família missionária. E eu e a esposa e meu filho Nicholas saímos do conforto da nossa cada, da cidade, e fomos até Roraima. Nosso filho Felipe também partiu para a mesma missão eclesiástica. O que fomos fazer em Roraima? Acolher os refugiados venezuelanos que entraram no Brasil em busca de acolhimento. Trabalhamos em cooperação, coordenada naquela época pelo general Pazuello. Estávamos nessa missão humanitária, sem interesse pessoal, comercial, empresarial, financeiro ou político. Nosso único objetivo era servir o próximo.

Permanecer em silêncio

Feitos estes esclarecimentos, por orientação dos meus advogados e em conformidade com o decidido pelo STF, doravante vou permanecer em silêncio. Muito obrigado.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.