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Barroso sobre voto impresso: 'criar confusão para melar jogo e dar golpe'

Barroso questiona defensores da volta do voto impresso no Brasil - Nelson Jr/STF
Barroso questiona defensores da volta do voto impresso no Brasil Imagem: Nelson Jr/STF

Colaboração para o UOL

30/06/2021 00h58

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, voltou a questionar os defensores da implantação do voto impresso nas eleições de 2022 no Brasil.

Em entrevista a Roberto D'Ávila, da GloboNews, Barroso defendeu o processo eleitoral eletrônico, vigente no país desde 1996, e disse que o voto eletrônico "aboliu as fraudes".

"Se tem os de boa fé que defendem [o voto impresso]; os que desconhecem o sistema; os que dizem que não precisa, mas não custa nada; e tem os de má-fé que querem criar confusão mesmo para poderem tentar melar o jogo e dar golpe", disse o ministro.

Entre os motivos que dificultam a implantação do voto impresso, Barroso citou o custo de R$ 2 bilhões para a mudança do sistema eleitoral brasileiro e o "inferno administrativo" de se fazer licitação para compra de 500 mil impressoras.

"Em terceiro lugar, há risco imenso de quebra de sigilo do voto, além do risco de judicialização". O presidente do TSE também citou o impacto na logística de 150 milhões de votos impressos que precisariam ser transportados para a apuração.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é defensor do voto impresso e, em diversas ocasiões, lançou dúvidas sobre a urna eletrônica e o sistema eleitoral brasileiro, sem mostrar nenhuma prova ou indício. Em live recente, Bolsonaro insinuou que há um favorecimento de Barroso ao ex-presidente Lula e disse que pode haver uma "convulsão" social após as eleições de 2022.

'Não me distraio com miudezas'

Barroso não quis comentar as críticas de Bolsonaro, e disse que sua vida "vai bem além do cercadinho". "Quanto às críticas, eu, como regra geral, não respondo. Eu cumpro a missão da minha vida, que é fazer um país melhor e maior. Eu não paro para bater boca, não me distraio com miudezas."

Questionado se há razoabilidade nas falas do presidente da República sobre as decisões do STF que contrariam o governo federal, o ministro disse que tensões entre Executivo e Judiciário sempre existirão.

"O papel da Constituição é limitar o poder e o intérprete da Constituição é o Supremo. Portanto, em última análise, o Supremo tem o papel de limitar o poder. De modo que sempre vai existir algum grau de tensão entre quem exerce o poder e quem tem o papel de limitá-lo."