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Se Lula ganhar sem voto impresso, pode haver convulsão, insinua Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

17/06/2021 20h33Atualizada em 18/06/2021 00h07

Mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lançou dúvidas sobre a urna eletrônica e o sistema eleitoral brasileiro, sem mostrar nenhuma prova ou indício. Bolsonaro voltou a defender a adoção do voto impresso para urnas eletrônicas, insinuou que há um favorecimento do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e do STF (Supremo Tribunal Federal) ao ex-presidente Lula e disse que pode haver uma "convulsão" social após as eleições de 2022.

Em sua live semanal nas redes sociais, o presidente comentou falas de Barroso, de que o voto impresso não será adotado. Bolsonaro faz campanha para que o Congresso Nacional aprove uma emenda à Constituição, para que o voto eletrônico tenha impressão de cédulas.

"Se [o Congresso] promulgar, teremos eleições sim com voto auditável. Vai ter sim, Barroso, vai ter sim. Vamos respeitar. Vamos respeitar o parlamento brasileiro, caso contrário teremos dúvida nas eleições. Podemos ter um problema seríssimo no Brasil, pode um lado ou outro não aceitar, criar uma convulsão no Brasil", disse.

Ainda neste tema, Bolsonaro fez referências à saída de Lula da cadeia, sem citar o nome do petista, e às posteriores decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) que tornaram o ex-presidente novamente elegível.

"Olha só, veja se tenho o direito de ter credibilidade nesse sentido. Se tira o presidiário da cadeia, ato contínuo se torna elegível, para não ser presidente? Eu não tenho preocupação nenhuma, não sei se vou concorrer a eleições ano que vem, agora não podemos ter eleições onde a desconfiança aparece", prosseguiu, sugerindo que Barroso e o STF querem beneficiar Lula.

"Ou a preocupação dele [Barroso] é outra? Voltar aí aquele cidadão, o presidiário, para comandar o Brasil? Ele [Lula] está rodando o Brasil todo já negociando cargos. Teve um contato dele com um partido, já negociou o ministério e a Caixa Econômica Federal para aquele partido, para ter apoio por ocasião das eleições. A gente sabe como funcionam as coisas", acrescentou.

Este mês, Barroso se manifestou sobre declarações como a do presidente e afirmou que "o discurso dos políticos foi mudando".

"Primeiro queriam cédulas, depois queriam voto impresso e, agora, querem voto auditável. Eu acho, sim, que o voto impresso vai criar um risco imenso de judicialização do resultado das eleições", disse Barroso, em entrevista à GloboNews no último dia 5.

Ataques ao ministro Barroso

Por iniciativa de aliados do presidente, a Câmara dos Deputados começou a discutir uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que adota o voto impresso para urnas eletrônicas.

Para Bolsonaro, Barroso tem feito "carga contra" à proposta e insinuou —sem mostrar qualquer tipo de evidência— que o interesse do magistrado seria beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente criticou Barroso, chamando-o de "péssimo exemplo" para todos por decisões que têm tomado no STF.

Também sem mostrar provas, o presidente disse que o deputado Aécio Neves, que foi candidato do PSDB à presidência e perdeu para Dilma Roussef (PT) em 2014, venceu aquela eleição. Bolsonaro já vinha afirmando, também sem apresentar provas que diz ter, que venceu a eleição de 2018 já no primeiro turno.

Não há prova de fraude nas urnas eletrônicas

Bolsonaro tem feito a defesa da adoção do voto eletrônico com impressão de cédulas, apesar de nunca ter havido qualquer tipo de fraude comprovada nas urnas eletrônicas em mais de 20 anos de uso no país.

Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve nenhuma comprovação de fraude nas eleições. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE, mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos matemáticos e estatísticos independentes.

Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou "votação paralela"). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.