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Eduardo Leite confirma disputa a pré-candidatura do PSDB e cita Doria

Eduardo Leite fala sobre João Doria no "Conversa com Bial" - Vídeo/Reprodução
Eduardo Leite fala sobre João Doria no "Conversa com Bial" Imagem: Vídeo/Reprodução

Colaboração para o UOL

02/07/2021 03h08Atualizada em 02/07/2021 13h43

Eduardo Leite confirmou ser um dos nomes que disputam a pré-candidatura do PSDB à eleição presidencial de 2022. O governador do Rio Grande do Sul citou ainda um de seus adversários dentro do partido, o governador de São Paulo, João Doria.

"Sou um pré-candidato a pré-candidato. Porque dentro das prévias do PSDB, a gente vai extrair o pré-candidato do partido. Então eu me posiciono, com interesse e disposição de ajudar. Fui provocado por lideranças partidárias, deputados do PSDB que me procuraram. Entendem que eu tenho algo a oferecer, apresentar", contou Leite em entrevista ao programa "Conversa com Bial" da TV Globo hoje, em que também declarou ser homessexual e falou sobre investigações contra Bolsonaro.

Leite comentou a respeito de uma possível comparação com João Doria, outro dos possíveis pré-candidatos do partido.

Eu acho que a gente tem que fazer o país discutir integridade. Não estou dizendo que o governador de São Paulo não tenha, não estou fazendo essa comparação com o Doria. Eu respeito o Doria, mas temos estilos muito diferentes de fazer política. Nossos estilos pessoais são bastante distintos, embora tenhamos uma visão de mundo semelhante. Acho que o Brasil precisa recuperar integridade. Integridade quer dizer por inteiro.
Eduardo Leite

Leite, contudo, negou que o partido se encontre dividido, mesmo nessa situação. "Não, o partido é uma parte da sociedade e dentro do partido a gente tem lideranças, que estão apresentando suas biografias e trajetórias a disposição do partido para que o partido decida de que forma que quer se apresentar pra população ano que vem."

"O PSDB ao que tudo indica deve estar mais uma vez protagonizando esse debate. Por que dentro do centro democrático, o PSDB se coloca como o partido que teve candidaturas em todas as eleições desde a redemocratização, desde 89. Tudo indica que deva ter novamente", completou.

PSDB novo x PSDB velho

Considerado um dos novos rostos da política jovem, Leite comentou as diferenças entre o PSDB da década de 90 e o atual.

"Eu acho que o que o PSDB mostrava lá era justamente um partido preocupado com gestão moderna na reforma do estado. O estado precisa ser repensado na sua estrutura, no seu tamanho, onde que ele deve estar mais presente, onde liderar. Mas tem também uma visão sobre inclusão social, sobre respeito a diversidade, sobre trazer as pessoas para o serviço público com mais qualidade. Enfim, acho que o PSDB continua tendo essa visão. O PSDB naturalmente vai com o tempo mudando a partir do que acontece no mundo."

A economia está mudando, a vida das pessoas está mudando, as pessoas se relacionam de uma forma diferente. O governo também é afetado por essas mudanças. Mas sempre lembrando a quem o governo serve. O governo deve tocar na vida das pessoas que mais precisam especialmente.

Experiência e Juventude

O governador falou ainda sobre o que acredita ter a oferecer ao país e sobre a suposta pouca idade como empecilho.

"Eu nunca me vendi como melhor por ser jovem. Mas também nunca aceitei que me colocassem como pior por ser jovem. Não é uma questão que qualifique um possível gestor público. 'Ah, ele é jovem, vota nele', a gente tem que entender a capacidade pessoal. É isso que eu tô falando e mostrando paro meu próprio partido nesse momento."

Ele continuou sobre o assunto em outro momento do bate-papo. "Entendo que tenho algo a colaborar. Tenho meus 36 anos, sou governador de um estado que tem uma dificuldade imensa sob o ponto de vista fiscal. Entrei no Rio Grande do Sul com salários atrasados, hospitais recebendo atrasados, municípios recebendo atrasados. Tudo isso está regularizado, o estado está pagando as contas em dia, promover investimento."

Leite afirmou ainda acreditar ser necessário uma convergência entre os partidos de centro para o bem do país.

A gente precisa tirar o Brasil dos extremos. Acredito numa política que é mais sobre cicatrizar feridas do que sobre abrir feridas novas. E seguramente também não é sobre ficar cutucando a ferida. É sobre conseguir fechar o capítulo. A gente teve frustrações com o PT, Lula. Tem frustrações da população com o Bolsonaro. A gente tem que encerrar esse capítulo e começar um novo.

"Não é sobre o que nós fomos nem o que somos, mas o que podemos ser. Acho que é esse debate que posso construir. Resgatar a vontade dos jovens de querer viver aqui. Saiu recentemente uma pesquisa da Folha de S.Paulo mostrando isso. Metade dos jovens brasileiros se pudessem iam embora do Brasil. Está sendo roubado o futuro do país. Roubar o futuro é roubar essa perspectiva, essa esperança. A gente já perdeu coisa demais para perder a esperança."

Política desde a infância

Eduardo Leite contou ainda uma curiosidade a Pedro Bial: gostava de assistir ao horário eleitoral gratuito desde criança.

"Meu pai tinha concorrido a prefeito em Pelotas em 88, ele não é politico, tanto é que foi a última vez que ele concorreu, ficou em ultimo lugar eu tinha três anos, nem lembro daquela campanha eleitoral. Mas tinha as fitas VHS, os programas eleitorais e eu assistia aquilo com alguma admiração. Com nove ano de idade, foi a primeira eleição do Fernando Henrique, lá em 94, eu pedia para passar no comitê eleitoral para pegar material de campanha."

"Eu não sei muito bem o que despertou em mim e não nos meus irmãos. Minha mãe é professora de Ciências Políticas da Universidade Federal, aposentada. Meu pai foi candidato, mas foi diretor da faculdade de direito. Então tinha um ambiente que me proporcionou gostar disso e aí foi dando sequência. Representante da turma, presidente do Grêmio Estudantil. Fui me envolvendo e a política tomou conta", confessou o governador.

Leite votou em Bolsonaro, conhecido por falas homofóbicas

Na mesma entrevista, Leite declarou ser homossexual, três anos após ele ter divulgado que votou em Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2018. O presidente é conhecido por suas falas homofóbicas e é alvo constante de protestos de grupos LGBTQI+.

Em julho de 2020, Leite deu uma entrevista ao Roda Viva na qual o governador disse não se arrepender de ter votado em Bolsonaro. À época, o tucano declarou: "Não tenho arrependimento porque, dadas aquelas circunstâncias, acho que seria muito ruim o retorno do PT ao poder, depois de tudo que tinha acontecido".

Já em outubro de 2018, o governador ainda escreveu em seu Twitter que o voto em Bolsonaro não foi por conveniência, mas pelo que acredita.

"A posição que assumimos, no segundo turno, não é por conveniência e sim pelo que acredito. Temos algumas ressalvas com posições antigas que o @jairbolsonaro tomou, mas entendo que é a melhor alternativa nesse momento."