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Leite defende investigação rigorosa contra Bolsonaro em ação de impeachment

O governador do RS, Eduardo Leite, em entrevista ao "Conversa com Bial" - Vídeo/Reprodução
O governador do RS, Eduardo Leite, em entrevista ao "Conversa com Bial" Imagem: Vídeo/Reprodução

Colaboração para o UOL

02/07/2021 02h42Atualizada em 02/07/2021 13h45

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), defendeu que se haja uma rigorosa investigação sobre denúncias que podem levar à abertura de um processo de impeachment do presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido).

"Tem fatores bastantes preocupantes com as novas denúncias da vacina, fatores bastante fortes para que se analise um processo de impeachment. Não estou aqui defendendo pelo impeachment. O papel de defender o impeachment ou não cabe mais aos parlamentares ( ...) Deve ser apurado rigorosamente o que aconteceu e se houver fatos comprovados, precisa ser dada a sequência a um processo de impeachment se for o caso", afirmou Leite em entrevista ao programa da TV Globo "Conversa com Bial" de hoje, em que também declarou ser homossexual.

Eu não defendo que se banalize o impeachment, mas não entendo que ele deva ser um tabu ou completamente rejeitado. Ele tem que estar sendo utilizado de acordo com o que ele se propõe, que é diante de uma situação de um crime de responsabilidade, dar a devida consequência.
Eduardo Leite

Ataque do presidente

O governador do Rio Grande do Sul comentou ainda sobre o ataque direcionado do presidente da República, Jair Bolsonaro. Na ocasião, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena na Band, Bolsonaro disse a seguinte frase se referindo a Eduardo Leite. "Onde ele enfiou essa grana [destinada à Saúde no estado]? Eu não vou responder para ele né? Mas eu acho que é feio onde ele botou essa grana toda aí."

Questionado por Bial quanto a um possível processo ao presidente, Leite afirmou: "A gente ainda está avaliando. Eu entrei no STF com uma interpelação exigindo explicações do presidente. Ele apresentou as explicações em juízo e agora a gente está avaliando, a partir dessas explicações, as providências que devem ser tomadas".

O governador completou: "Uma carreira política que no passado poderia ser destruída em relação a isso (ter declarado sua orientação sexual)... Agora tenho orgulho de dizer que tanto no meu município, em Pelotas, quanto no meu estado, esses temas nunca foram trazidos para o debate político, embora eu nunca tenha negado. No debate agora, com o presidente ou com quem quer seja, espero que a gente possa ficar no debate do que se pode fazer pelo futuro do país e não no ataque pessoal".

A gente já tem problemas demais para ficar atacando as pessoas. O ataque tem que ser aos problemas do país. Tem que ser a forme, a miséria. O ataque tem que ser a corrupção, a pandemia. E o Brasil desperdiça energia demais promovendo ataques pessoais.

Em outro momento da entrevista, Leite falou sobre "mitos" - termo usado pelos apoiadores de Jair Bolsonaro desde a sua candidatura em 2018 e que é mantido até hoje.

"Eu sou um ser humano como qualquer outro. Não sou nem quero ser mito, não acredito em mitos, na política, em salvadores da pátria. Os próprios políticos têm que se reconhecer como seres humanos falíveis que são e com a capacidade de superar seus erros. Buscar acertar mais do que errar, mas reconhecendo que também erram."

Leite votou em Bolsonaro, conhecido por falas homofóbicas

Apesar da atual posição sobre Bolsonaro, Leite votou em Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2018. O presidente é conhecido por suas falas homofóbicas e é alvo constante de protestos de grupos LGBTQI+.

Em julho de 2020, Leite deu uma entrevista ao Roda Viva na qual o governador disse não se arrepender de ter votado em Bolsonaro. À época, o tucano declarou: "Não tenho arrependimento porque, dadas aquelas circunstâncias, acho que seria muito ruim o retorno do PT ao poder, depois de tudo que tinha acontecido".

Já em outubro de 2018, o governador ainda escreveu em seu Twitter que o voto em Bolsonaro não foi por conveniência, mas pelo que acredita.

"A posição que assumimos, no segundo turno, não é por conveniência e sim pelo que acredito. Temos algumas ressalvas com posições antigas que o @jairbolsonaro tomou, mas entendo que é a melhor alternativa nesse momento."