Topo

Esse conteúdo é antigo

Em motociata, Bolsonaro volta a atacar Barroso: 'Não devia estar no STF'

Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa de motociata com apoiadores; novos ataques a Barroso  - AGEU DA ROCHA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa de motociata com apoiadores; novos ataques a Barroso Imagem: AGEU DA ROCHA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

10/07/2021 10h29Atualizada em 11/07/2021 16h09

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, depois de participar na manhã de hoje de uma motociata em Porto Alegre. Em discurso para apoiadores, Bolsonaro disse que Barroso não deveria ser ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) por, em sua visão, "defender bandeiras".

Ontem, Bolsonaro chamou Barroso de "idiota e imbecil" por ser contra a implementação do voto impresso. O ministro do STF respondeu por meio de uma nota do TSE defendendo a lisura das eleições realizadas em urna eletrônica e dizendo que impedir eleição configura crime de responsabilidade.

Hoje, o presidente não recuou e fez novos ataques ao ministro. "Ministro que defende o aborto, que defende a liberação das drogas. Ele não tinha que estar no Supremo, mas no parlamento para defender suas bandeiras", disse Bolsonaro, que ainda mentiu ao dizer que o ministro defende a pedofilia.

Em outro trecho do discurso, o presidente disse que Barroso quer a "volta da impunidade e da fraude eleitoral" ao defender a manutenção do voto eletrônico. Apesar da declaração, até hoje nunca foi provada fraude no atual sistema e o presidente nunca apresentou indícios de suas suspeitas.

Bolsonaro ainda disse que irá até o fim com suas convicções. "Eu jurei dar a minha vida pela pátria e todos vocês juraram dar sua vida por liberdade. Nós iremos até o final. Nós cumpriremos nosso dever, nós faremos ele [não fica claro a quem ele se referia] engolir a democracia".

STF, TSE e Barroso foram procurados pela reportagem do UOL, mas ainda não se manifestaram sobre as novas declarações de Bolsonaro.

O passeio de moto de Bolsonaro por Porto Alegre ocorreu em um momento de tensão, com reiteradas ameaças do presidente à realização das Eleições de 2022. Sem provas ou indícios, o presidente diz que o atual sistema eletrônico é passível de fraudes e que é preciso implementar o voto impresso. A insinuação infundada é a de que poderia haver fraude nas atuais urnas para derrotá-lo no ano que vem.

Em outro momento da transmissão em seu perfil de Facebook, Bolsonaro disse que a motociata simboliza "a liberdade e o compromisso com a democracia".

"Não abriremos mão da nossa democracia, da nossa liberdade, de todos os direitos garantidos na Constituição. Quem pensa o contrário está no caminho errado", disse.

Aglomeração

Assim como em outras motociatas, houve registro de aglomeração no começo e no final do trajeto na Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), onde se concentraram apoiadores do presidente.

Bolsonaro não usou máscaras durante todos os momentos transmitidos pelas redes sociais. O item é considerado indispensável por especialistas para o controle da disseminação do novo coronavírus.

Ao final do trajeto, Bolsonaro cumprimentou apoiadores, sendo que a maioria não utilizava máscaras. Cenas parecidas foram vistas durante as 'motociatas' em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Chapecó (SC).

A Brigada Militar do Rio Grande do Sul, até o início da noite, ainda não apresentou uma estimativa da quantidade de pessoas e motocicletas que participaram do encontro.

Segundo relatos do jornal Zero Hora, também houve o registro de manifestações contrárias a Bolsonaro ao longo do trajeto.

Clima de campanha

A passagem de Jair Bolsonaro no local de concentração da motociata foi marcada por clima de campanha eleitoral. Na chegada, ele acenou a seguidores ao passar pela pista em um veículo.

Já na dispersão da motociata, um alto-falante tocou o Hino Nacional, com um narrador entoando gritos de apoio a Bolsonaro.

O ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, e o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Onyx Lorenzoni participaram da motociata.

O senador Luís Carlos Heinze (PP-RS), um dos defensores do governo na CPI da Covid, também fez um rápido discurso a favor de Bolsonaro.